Por José Ricardo Wendling
É
preocupante o gargalo logístico em que o Brasil se encontra, principalmente, na
nossa região. O Governo Federal projeta investimentos de R$ 133 bilhões em 25
anos, sendo R$ 42 bilhões para as rodovias e R$ 91 bilhões em ferrovias, além
das novas medidas de melhoria na gestão dos portos discutidas no Senado
Federal. No Amazonas, o transporte precisa ser repensado e modernizado, com
alternativas mais adequadas para a realidade do Estado.
Poucas
são as rodovias e cada uma com inúmeros problemas. A BR-319, importante ligação
ao restante do Brasil, porém, com quase 400 km de trechos interditados; a BR-174,
como alternativa de saída para o Caribe, mas com quase 250 km sem asfalto, o
que em períodos chuvosos dificulta o trânsito no trecho; e a BR-163, importante
alternativa com saída para o Mato Grosso, todavia, abandonada e em péssimas
condições de tráfego.
A
ausência de malha viária adequada para o escoamento de produção, aliada à intransponibilidade
das barreiras colocadas naturalmente pelas florestas e pelos rios, faz com que
na distribuição para o interior seja utilizado mais frequentemente o transporte
fluvial.
Por
isso, se faz necessário uma atenção, não menos importante com as hidrovias, no
fortalecimento do sistema na região, sobretudo, na reestruturação e na ampliação
de diversos portos fluviais, no tratamento do leito navegável, nos balizamentos
dos rios e na intensificação dos serviços de sinalização e de fiscalização, que
devem melhorar com o advento do Polo Naval e das obras de construção e de revitalização
dos portos nos interiores do Amazonas pelos governos Estadual e Federal. Vale
ressaltar que estas obras estão atrasadas há tempos, e o governo precisa olhar com
mais atenção para este assunto.
O Amazonas possui vinte e
cinco mil quilômetros de rios navegáveis, mais que o dobro das estradas
existentes pavimentadas, porém, nesse modal, as viagens são mais longas, onde
alguns produtos perecíveis não conseguem chegar à mesa do interiorano.
Em razão das
dificuldades encontradas por terra e água, a distribuição de cargas na região
por transporte aéreo vem ganhando força. Porém, a agilidade do serviço esbarra
inevitavelmente nos custos maiores, ocasionados principalmente pelos vazios
estruturais que servem de ponto de abastecimento para as aeronaves, normalmente
de pequeno e médio porte e baixa autonomia de voo. Espera-se que com os novos
investimentos, na ordem de mais de R$ 830 milhões, em projeto de melhorias e de
ampliação da malha de 25 aeroportos no interior do estado, fomente a integração
de desenvolvimento logístico.
Além
disso, outros meios de transporte poderiam ser testados no AM. Os históricos
“Zeppelins”, tecnicamente denominados dirigíveis,e os atuais e adaptados “Hovercraft´s”
(aerobarco inventado em 1953, na Inglaterra), com modelos já adaptados para a
região, são alternativas interessantes, não para substituir, mas para somar e suprir
a demanda para uma região tão desafiadora na área logística.
O
dirigível, primeiro e mais antigo e não menos possível, torna-se uma
alternativa intermodal, visto que estudos recentes feitos pelo BNDES e por
empresas, como a Bertolini/Airship, tornam o equipamento viável, com custos
maiores que o rodoviário e menor que o aéreo, desde que produzido e utilizado
em grande escala.
Por
outro lado, destaca-se o “Hovercraft”, um tipo híbrido de veículo anfíbio
movido por turbo hélice, recentemente demonstrado aos parlamentares da
Assembleia Legislativa do Amazonas, produzido no PIM, que navega 1 metro sobre
a água, velocidade cruzeiro de 100 km/hora, e transpõe com facilidade
obstáculos como toras e bancos de areia, tão comuns na região, além de possuir
grande capacidade de carga e de transporte de passageiros.
O
Governo Federal e o Governo Estadual precisam olhar com mais atitude e
criatividade a questão da logística, alinhada com o meio sustentável, pois o
papel da infraestrutura de transporte é primazia para o crescimento do
desenvolvimento econômico do Amazonas.

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