Por José Ricardo Wendling
Atualmente,
bilhões de dólares são investidos em pesquisas em todo o mundo para mapear os
genes e toda diversidade do reino biológico. A Amazônia neste contexto possui
uma biodiversidade de riqueza inestimável, um patrimonio de todos os amazônidas e de todos os brasileiros, constituindo-se como possibilidade de nova vertente de desenvolvimento para o Estado do Amazonas.
O Estado mais uma vez atravessa um
momento delicado de transição econômica em que merecendo o empenho de todos
para que o sucesso seja um fato. Essa questão não é nova, pois já passamos por
outras fases: O ciclo da borracha; O extrativismo madeireiro na década de 80 e 90; e a industrialização para a substituição das importações e a ZFM. Atualmente, discutem-se a possibilidade de uma economia que passe pela biotecnologia e, por isso, é importante o Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA).
O CBA, construído no Distrito Industrial por meio do PROBEM/Amazônia (Programa Brasileiro de Ecologia Molecular para o Uso Sustentável da Biodiversidade
da Amazônia) foi planejado para ser a mais avançada e inovadora instituição de
pesquisa e desenvolvimento dessa natureza, objetivando o aproveitamento da
estrutura da ZFM para implantação da bioindústria.
Com o objetivo de transformar os
conhecimentos gerados em produtos com valor agregado para a cadeia produtiva, o
CBA já está fisicamente pronto há mais de 10 anos, mas funciona de maneira
limitada, sem recursos próprios e com pouquíssima produtividade. Ele existe
somente como estrutura e trabalha por meio de parcerias onde sua gestão de
orçamento divide-se em: 75% para Suframa e 25% entre MCT, Fapeam e iniciativa privada.
Um dos maiores problemas enfrentados pelo CBA, para que o mesmo cumpra seu papel para o qual foi criado, é o mesmo desde que
foi construido. Não tem personalidade jurídica e, com isso, não tem acesso a investimentos, corpo de servidores e outras estruturas fundamentais para seu funcionamento.
Atualmente o CBA não tem autonomia
alguma para firmar convênios, acordos de cooperação ou qualquer outra demanda,
impossibilitando-o de trazer substanciosos recursos para a pesquisa
estratégica. O que existe hoje é uma
disputa política interministerial para quem vai ser o verdadeiro tutor desta
instituição.
Parece-me que já existe uma demanda
para que se agilize essa definição. O secretário executivo do Ministério da
Indústria e Comércio Exterior (MDIC) Alessandro Teixeira, ao passar por Manaus
no último dia 28/02 durante a última reunião do CAS, prometeu que o CBA logo passará
a ter personalidade jurídica, mas quando? O Amazonas aguarda há mais de dez
anos uma resposta.
Em dezembro de 2012 foi elaborado
pelos secretários estaduais de Ciência, Tecnologia e Inovação e os presidentes
das Fundações de Apoio à Pesquisa um documento em forma de carta encaminhada aos
Ministérios da Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI), do Desenvolvimento
Indústria e Comércio Exterior (MDIC), e do Meio Ambiente (MMA) no qual se cobra
uma definição sobre a situação jurídica do CBA.
Aguarda-se tão somente por uma
definição de qual Ministério irá se responsabilizar pelo CBA. O Amazonas não
pode ficar prejudicado por mais uma indecisão e discussão política. De tempos
em tempos já sofremos com as ansiedades causadas pelas PEC’s de prorrogação da
ZFM, sem esquecer de mencionar a atual disputa pela unificação do ICMS, que poderá diminuir a competitividade do Parque Industrial de Manaus.
O que a sociedade amazonense espera
é que o CBA não seja um elefante branco que consome recursos públicos sem
a efetiva agregação de valor à cadeia produtiva de nosso parque industrial e
geração desnecessária de entraves para a inovação.

Nenhum comentário:
Postar um comentário