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sexta-feira, 28 de junho de 2013

O Homem, o Conhecimento e a Sabedoria.


Atualmente temos falado tanto em política, economia, direitos (mais neles do que nos deveres, e isso não se resume só nos impostos). Então que, ao ler esta porção, me ocorreu um texto que já havia escrito e compartilhado:
"acho que os maiores pecados do individuo e da sociedade são o egoismo e a vaidade exagerada. O exercício da humildade e cidadania atenua essa cegueira e liberta o homem da condição de apenas ser humano (...) A humildade está na sabedoria, e a sabedoria foi aluna de Deus" ... parafraseando uma porção bíblica do livro de Provérbios.

Para os cristãos, Deus é Triúnico, onipotente, onipresente e oniciente e habita no coração daqueles que crêem. Para os céticos e secularistas ele habita nas coisas mais complexas e desconhecidas, que não podem ser explicadas. Mas em todos estes espaços, nesse sentido, Ele habita. Porém, se quisermos verdadeiras mudanças e melhorias no mundo, político e socioeconômico, em nosso país e, principalmente em nosso redor e derredor, essa mudança deve começar em cada um de nós, pensando no coletivo, o que é tão difícil... eis os resultados... Boa leitura!!!


Por J. Edir Bragança

       
 “O conhecimento pode libertar o homem da ignorância cultural; Mas, só a sabedoria o libertará de si mesmo”.



O homem representa uma parcela tão pequena do universo e vive rodeado de tantos problemas que às vezes se sente impotente, e se esquece do potencial criativo e transformador que existe dentro dele.

Galileu com sua genialidade explorou o espaço até conseguir reposicionar os astros no céu e modificar o movimento relativo entre eles, condição já proposta anteriormente por Copérnico. Mas, para isso ele precisou desenvolver seus próprios instrumentos; lunetas e telescópios. No entanto, sua façanha quase nada representa diante do universo que existe para ser explorado por nós, dentro de nossas próprias mentes. E é somente a partir das possíveis descobertas dessa exploração pessoal e porque não dizer também científica, que poderemos vir a assistir o surgimento de uma nova sociedade, um novo mundo, uma conquista que infelizmente hoje ainda se apresenta como algo inimaginável, improvável e até mesmo “impossível” para a muitas pessoas. Assim também era visto o universo heliocêntrico proposto por Copérnico e Galileu, mas que graças a muito trabalho, imaginação e determinação, acabaram derrubando com XVII séculos de cegueira e rigidez de várias gerações,  e mudando a forma de olharem e verem o céu.  

Ainda hoje, o instrumento mais poderoso a ser utilizado na exploração do nosso potencial e na busca de novas conquistas é o “conhecimento”. Podemos dizer que ele é a luneta moderna que nos possibilita enxergar através da realidade subjetiva que cristaliza boa parte da sociedade. É nesse contexto que política, história, filosofia, física, matemática e outros tantos saberes poderão servir de combustível para impulsionar e dar energia a cérebros e mentes que vagueiam hoje pelas ruas e avenidas dos centros urbanos, como exploradores e viajantes já cansados de trabalhar, sonhar e olhar para o céu na esperança da descoberta de novos mundos, de caminhos ou de oportunidades para serem felizes.

Contudo, quero ressaltar que o conhecimento sem sabedoria pode se transforma em uma ferramenta inútil ou mesmo em uma arma perigosa quando colocados em mãos ou mentes despreparadas; é o mesmo que tecnologia fora de época; é como dar um computador para o homem das cavernas; ou os conhecimentos do raio laser para um nativo de uma tribo que ficou parada no tempo. O conhecimento não deve vir para afastar as pessoas, diferenciá-las ou humilhá-las. Sua função é justamente o oposto, ou seja, aproximar as pessoas, física, cultural e emocionalmente, beneficiando a todos.

A falta de cultura nos expõe aos perigos dos vexames, a prejuízos materiais, pessoais e econômicos. No entanto, a falta de sabedoria em usar o conhecimento que adquirimos pode nos expor e nos condenar ao cárcere da soberba, da inflexibilidade, da arrogância, da prepotência e de muitas outras prisões do ego. Os que permanecem trancados nesse pequeníssimo mundo paralisam a capacidade de expansão do universo de suas mentes. Assim, são impedidos de enxergar novos horizontes e novas oportunidades. Em suma, o conhecimento protege o homem de seus semelhantes. Porém, uma vez adquirido, somente a sua sabedoria poderá protegê-lo de si mesmo.      

Nunca devemos nos esquecer de que somos os principais personagens em toda trama social, e a cada atitude ou palavra nossa, influenciamos toda a plateia a nossa volta, ajudando a construir ou destruir pessoas. Devemos estar conscientes que ao representarmos os nossos papéis sociais de pais e filhos, professores e alunos, críticos e criticados, simples cidadãos ou líderes, não estamos somente sendo vistos, mas também, nos tornando modelos para as gerações futuras. Nossas atitudes irão ecoar silenciosa e infinitamente através dos tempos.   

O Transporte no Amazonas



Por José Ricardo Wendling


É preocupante o gargalo logístico em que o Brasil se encontra, principalmente, na nossa região. O Governo Federal projeta investimentos de R$ 133 bilhões em 25 anos, sendo R$ 42 bilhões para as rodovias e R$ 91 bilhões em ferrovias, além das novas medidas de melhoria na gestão dos portos discutidas no Senado Federal. No Amazonas, o transporte precisa ser repensado e modernizado, com alternativas mais adequadas para a realidade do Estado.

Poucas são as rodovias e cada uma com inúmeros problemas. A BR-319, importante ligação ao restante do Brasil, porém, com quase 400 km de trechos interditados; a BR-174, como alternativa de saída para o Caribe, mas com quase 250 km sem asfalto, o que em períodos chuvosos dificulta o trânsito no trecho; e a BR-163, importante alternativa com saída para o Mato Grosso, todavia, abandonada e em péssimas condições de tráfego.

A ausência de malha viária adequada para o escoamento de produção, aliada à intransponibilidade das barreiras colocadas naturalmente pelas florestas e pelos rios, faz com que na distribuição para o interior seja utilizado mais frequentemente o transporte fluvial.

Por isso, se faz necessário uma atenção, não menos importante com as hidrovias, no fortalecimento do sistema na região, sobretudo, na reestruturação e na ampliação de diversos portos fluviais, no tratamento do leito navegável, nos balizamentos dos rios e na intensificação dos serviços de sinalização e de fiscalização, que devem melhorar com o advento do Polo Naval e das obras de construção e de revitalização dos portos nos interiores do Amazonas pelos governos Estadual e Federal. Vale ressaltar que estas obras estão atrasadas há tempos, e o governo precisa olhar com mais atenção para este assunto.

O Amazonas possui vinte e cinco mil quilômetros de rios navegáveis, mais que o dobro das estradas existentes pavimentadas, porém, nesse modal, as viagens são mais longas, onde alguns produtos perecíveis não conseguem chegar à mesa do interiorano.

Em razão das dificuldades encontradas por terra e água, a distribuição de cargas na região por transporte aéreo vem ganhando força. Porém, a agilidade do serviço esbarra inevitavelmente nos custos maiores, ocasionados principalmente pelos vazios estruturais que servem de ponto de abastecimento para as aeronaves, normalmente de pequeno e médio porte e baixa autonomia de voo. Espera-se que com os novos investimentos, na ordem de mais de R$ 830 milhões, em projeto de melhorias e de ampliação da malha de 25 aeroportos no interior do estado, fomente a integração de desenvolvimento logístico.
         
Além disso, outros meios de transporte poderiam ser testados no AM. Os históricos “Zeppelins”, tecnicamente denominados dirigíveis,e os atuais e adaptados “Hovercraft´s” (aerobarco inventado em 1953, na Inglaterra), com modelos já adaptados para a região, são alternativas interessantes, não para substituir, mas para somar e suprir a demanda para uma região tão desafiadora na área logística.

O dirigível, primeiro e mais antigo e não menos possível, torna-se uma alternativa intermodal, visto que estudos recentes feitos pelo BNDES e por empresas, como a Bertolini/Airship, tornam o equipamento viável, com custos maiores que o rodoviário e menor que o aéreo, desde que produzido e utilizado em grande escala.

Por outro lado, destaca-se o “Hovercraft”, um tipo híbrido de veículo anfíbio movido por turbo hélice, recentemente demonstrado aos parlamentares da Assembleia Legislativa do Amazonas, produzido no PIM, que navega 1 metro sobre a água, velocidade cruzeiro de 100 km/hora, e transpõe com facilidade obstáculos como toras e bancos de areia, tão comuns na região, além de possuir grande capacidade de carga e de transporte de passageiros.
                
O Governo Federal e o Governo Estadual precisam olhar com mais atitude e criatividade a questão da logística, alinhada com o meio sustentável, pois o papel da infraestrutura de transporte é primazia para o crescimento do desenvolvimento econômico do Amazonas.

Recado das Ruas



É gratificante constatar a movimentação do poder público, nas três esferas, para entender e acatar o recado que a população, particularmente os jovens, está enviando a partir das ruas. À parte o vandalismo localizado, fruto da patologia social preocupante, as reivindicações são lúcidas, coerentes, procedentes e emergenciais. 

Os resultados não demoraram a aparecer: a redução das tarifas, fundada na diminuição de impostos, a retirada da PEC 37, o tratamento da corrupção como crime hediondo, as verbas para saúde, educação e mobilidade urbana e a consulta da reforma política por plebiscito. Oxalá a população não demore mais 20 anos para voltar ordeiramente às ruas e convocar o poder público mais para perto do interesse coletivo, posto que para isso são eleitos e remunerados.

Texto publicado na Coluna Follow-Up

terça-feira, 25 de junho de 2013

Tarifas públicas: mais transparência e menos caixa preta


Por Miriam Leitão / O Globo

Tão importante quanto baixar as tarifas é aumentar a transparência sobre como elas são calculadas. Governadores e prefeitos, nesse momento, podem reduzi-las ou cancelar aumentos e, mais adiante, quando as manifestações de rua passarem, voltar com os reajustes.
Precisamos de transparência. A palavra-chave é essa. Ninguém entende muito bem como são calculadas as tarifas do transporte público. As planilhas dos custos das empresas têm de ser abertas, porque é uma caixa preta.
Nos últimos cinco anos, o governo federal abriu mão de R$ 22 bi destinados à infraestrutura de transportes. Fez isso subsidiando a gasolina, ao retirar a Cide, imposto que incidia sobre o combustível, incentivando o carro particular e prejudicando todo mundo.

Meu comentário: Governadores, prefeitos e tribunais de contas não podem mais fugir da raia. A população cobra a abertura da caixa-preta do transporte. Mas as empresas do setor, que provavelmente, são doadores de campanha querem?
Quanto ao incentivo da gasolina para o carro popular não foi prejudicial, prejudicial é a falta de infraestrutura, de mobilidade urbana. A população de baixa renda também quer ter seu bem móvel. Eles não tem culpa de que as obras de viadutos em Manaus feitas pelos gestores anteriores pensaram sempre no agora, obras como essas precisam ser pensadas para o futuro, com base nas estatísticas de possibilidade de crescimento. Um exemplo disso foi a obra de construção do Aeroporto Eduardo Gomes construído em 1976, que não descartou, na concepção do projeto, o crescimento populacional consequente, logo sua base foi totalmente planejada visualizando o futuro, o que gerou uma economia de recursos.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Quem soltou os fogos?!


Por Ricardo Maia

Com a amplitude desse momento e repercussão dos acontecimentos, não podemos deixar de observar os fatos e cobrar as coisas de quem realmente deve ser cobrado. Quem almejou e pediu para que Manaus fosse subsede da copa do mundo? Houve audiência pública para que a população decidisse sobre isso? houve plebiscito? A "felicidade" foi em detrimento da contrapartida que esse evento traria: mobilidade urbana, estrutura logística, estrutura hoteleira, aquecimento industrial e comercial, geração de empregos, segurança pública, irradiação do desenvolvimento para o interior, etc. Hoje falta menos de um ano para a copa, e onde você vê qualquer resultado disso?... Os fogos estourados no dia da eleição da cidade não foram da população, mas das empreiteiras e dos políticos locais (GOVERNO e MUNICÍPIO) que financiaram essa obra com dinheiro do BNDES e da CAIXA ECONOMICA FEDERAL, com o consentimento da maioria dos deputados estaduais que foram eleitos (ALGUNS NÃO FORAM A FAVOR) O que o Governo Federal fez e tem feito, foi de disponibilizar recursos para as obras necessárias que foram citadas acima e que não foram feitas por falta de planejamento dos governos regionais, e fica a pergunta: Porque nao fizeram? Quem ganha com isso? Mas, sabe quem vai pagar esse empréstimo desse monumento à megalomania? Eu e você!!!! USE SEU SENSO CRÌTICO, NÃO ACREDITE APENAS NO QUE LÊ!! PESQUISE!!!

Segue abaixo publicação sobre o tema:

Nota à imprensa: esclarecimentos sobre investimentos do governo federal para a Copa do Mundo

Por Blog do Planalto

A matéria veiculada pelo Portal UOL na manhã deste domingo (23), assinada por Rodrigo Mattos e Vinicius Konchinski, distorce informações, faz relações incorretas e induz o leitor a uma interpretação errada dos fatos. Cabe esclarecer o seguinte:
- Não há um centavo do Orçamento da União direcionado à construção ou reforma das arenas para a Copa.
- Há uma linha de empréstimo, via BNDES, com juros e exigência de todas as garantias bancárias, como qualquer outra modalidade de crédito do banco. O teto do valor do empréstimo, para cada arena, é de R$ 400 milhões, estabelecido em 2009, valor que permanece o mesmo até hoje. O BNDES tem taxas de juros específicas para diversas modalidades de obras e projetos. O financiamento das arenas faz parte de uma dessas modalidades.
- Não houve qualquer aporte de recursos do Orçamento da União nos últimos anos para a Terracap (Companhia Imobiliária de Brasília). Portanto, a matéria do UOL está errada. Não há recurso algum do Orçamento da União para a obra de nenhuma das arena, o que inclui o Estádio Nacional Mané Garrincha.
- Isenções fiscais não podem ser consideradas gastos, porque alavancam geração de empregos e desenvolvimento econômico e social, e são destinadas a diversos setores e projetos. Só as obras com as seis arenas concluídas até agora geraram 24.500 empregos diretos, além de milhares de outros indiretos, principalmente na área da construção civil.
- É importante reforçar que todos os investimentos públicos do Governo Federal para a preparação da Copa 2014 são em obras estruturantes que vão melhorar em muito a vida dos moradores das cidades. São obras de mobilidade urbana, portos, aeroportos, segurança pública, energia, telecomunicações e infraestrutura turística.
- A realização de megaeventos representa para o país uma oportunidade para acelerar investimentos em infraestrutura e serviços, melhorando as cidades e a qualidade de vida da população brasileira. Os investimentos fortalecem a imagem do Brasil, de seus produtos no exterior e incrementa o turismo no país, gerando mais empregos e negócios para o povo brasileiro.

Ministério do Esporte

Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Terrorismo Mediático



Por Roberto Amaral
Presidente Dilma, por favor não dê ouvidos aos áulicos da tragédia
‘O boom, e não a retração, é o momento certo para a austeridade’.
John Maynard Keynes
 O terrorismo mediático foi o grande vencedor da semana finda, construindo o ambiente de crise, inibindo investidores e consumidores e acuando o governo.
No plano da discussão política logrou dominar a pauta com as teses da ‘austerismo’ que estão asfixiando a Europa, ao dar prioridade aos credores sobre os trabalhadores. Esta opção está no cerne de um modelo  econômico que não se preocupa com baixo crescimento e vê no desemprego e nos baixos salários solução para tudo.
Exultam os traficantes das bolsas e especuladores de todos os naipes.  Suas vítimas são os trabalhadores e os assalariados em geral, e o crescimento já é apontado como inimigo do país. A grande imprensa comemora a queda da popularidade da presidenta. Ponto para os jornalões.
A inflação tem várias raízes. Tem as econômicas, as financeiras e tem as subjetivas,   derivadas  da criação da expectativa de sua eclosão.  Se o ‘mercado’ precisa de inflação em alta ele diz aos seus porta-vozes que haverá inflação e, falando todo dia em inflação, uma mera expectativa (artificial ou não) de inflação se transforma mesmo em inflação. O país que se dane.  Esse jogo é o jogo do chamado e decantado ‘mercado’. Quanto mais invisível mais senhor de baraço e cutelo da economia e da política, e todos conhecem os jogos de boatos fazendo subir e baixar ações para a acumulação dos especuladores.
Toda inflação pede combate, embora o sempre saudoso mestre Furtado nos lembrasse que uma pequena inflação como preço do crescimento poderia – e deveria – ser tolerada, desde que, claro, o crescimento lhe fosse superior. Era um pilar da sua crítica à política de Malan/FH. Mas entre nós  há  inflação real, sob controle, e há uma inflação subjetiva, desejada,  recessivista, saudosa do ‘austerismo’ estéril que só produz desemprego, queda de poder de compra dos salários, e muita concentração de renda.
As motivações são várias, desde evidentes  intenções políticas (na verdade as eleições de 2014 já estão sendo travadas em 2013), às tentativas de desestabilização de governo, a desconstituição da parte boa de uma  política econômica, a qual, com erros e acertos, jamais abdicou da busca do desenvolvimento  (de que é produto objetivo o virtual pleno emprego),  e da distribuição de renda, esta principalmente por intermédio dos reajustes do salário mínimo. Pois os reacionários já gritam como solução para o ‘surto inflacionário’: menos emprego e redução dos salários!
Toda inflação é intolerável mas essa que aí está, cadente (em cinco meses só mostrou a cara em um!), em  hipótese nenhuma representa ameaça ou desarranjo. Sua criação deriva da necessidade de abalar a popularidade da presidente.
Anunciando há meses uma pressão inflacionária que a população não vinha sentindo, a grande imprensa construiu a inflação necessária para voltar a falar na necessidade de promover desemprego, redução de salários,  revalorização do real, ou seja, tudo aquilo que não interessa ao nosso povo e à nossa economia. Em doses homeopáticas o receituário neoliberal que esta destruindo a União Europeia.
Quando o respeitável público resiste a se convencer de que a realidade de seu dia-a-dia não é uma tragédia, o mercado especulativo e seu porta-voz, a imprensa, lançam mão de ‘autoridades’ nativas e internacionais.  São  ‘consultorias’ comandadas por ex-funcionários do BC e até por ex-ministros como a de um ‘economista’ que no governo Sarney levou a inflação a 1.764,86 ano, entregando o ministério em março de 1990 com uma inflação mensal de 84%!  As consultorias internacionais são verdadeiros cassinos aquelas ‘agências’  que vendiam certificados de garantia para os bancos da Europa e dos EUA que estouraram em 2007/2008.
Agora, os ‘economistas mediáticos’ estão encantados porque a Standard & Poor’s, uma ‘agência de rating’, ameaça alterar sua própria classificação sobre o Brasil. Diz um comentarista entusiasmado com as notícias que vêm de fora: “Para os agentes do mercado e a mídia maistream, o que conta é a percepção [e não os fatos] de que a política econômica de Dilma Rousseff desandou de vez. O último prego no caixão foi a nota da Economist, reiterando criticas que já havia feito seis meses atrás”.
É assim a sabujice ideológica.
Se a  Av. Paulista ou a Praça Mauá precisam do aumento do dólar, a alta do câmbio vem a trote. Nas duas hipóteses, várias fortunas se fazem. Não adianta dizer que a inflação, baixa, é cedente porque a grande imprensa diz que estamos sob ‘alta inflacionária’ e de tanto dizê-lo atende aos interesses dos sabidos e induz os incautos ao erro. Não adianta dizer e comprovar mil vezes que é mínimo o risco de a depreciação cambial contaminar a inflação (para cada alta de 10% no câmbio há um incremento de 0,38 ponto percentual na inflação).
Os rentistas aplaudem, pois a receita é aumentar os juros e gastar divisas comprando dólar no mercado – isto é, enxugar gelo–, reduzir os gastos públicos (o que pode encerrar qualquer esperança de recuperação do crescimento econômico) com eles reduzidos espantar os investimentos privados, magros como cadela abandonada, e o investimento estrangeiro.
Desestimulados diante do quadro mediático de incerteza, os ‘investidores’ optam pela certeza de lucros na jogatina das bolsas, aproveitando a alta dos juros.
A imprensa ecoa os ditames da  The Economist, serviçal do FMI, responsável, com direito a autocrítica cínica, à receita imposta à Grécia, mais pobre do que jamais foi e  como nunca sem expectativa de futuro a médio prazo. Contritos como o jacaré que vem de devorar sua presa, batem no peito numa mea culpa cínica para reconhecerem que ‘exageraram’ na receita imposta à Grécia. Quantos já morreram na Grécia? Quantos ainda morrerão? Quem irá para a cadeia ou para a guilhotina? É chegada a hora de um Tribunal Russel para apurar os crimes contra a humanidade, o genocídio cometido pelos tecnoburocratas do FMI e seus chefes, a banca financeira por eles cevada e impune no Brasil e no mundo.
Enquanto a necessidade do país é crescer, crescer e crescer, vêm os neoliberais reclamar  da alta dos gastos, pedir a redução dos salários (que em 2013 já cresceram menos do que em 2012) e conclamar por menos emprego, indiferentes ao custo social que será cobrado ao país. Para baixar a inflação. Querem a depreciação do câmbio (isto é, a menor competitividade de nossos exportações de tudo e maior importação de  tudo) para, diminuir a inflação. Querem matar o doente para que ele não tenha mais dor de cabeça! E, cínicos cobram investimentos para acabar com nossos gargalos de infraestrutura e logística em geral e ao mesmo tempo em que cobram o aumento de gastos e a reclamam redução do superávit primário, com que o governo joga para dispor de mais recursos para mais investimentos. Reclamam do aumento do salário real, da ‘agregação de milhões de consumidores sem a necessária expansão da oferta”, reclamam da expansão do crédito e, até, do “crescimento de 7,5% [do PIB] em 2011 (Claudia Safatle, Valor de 14,15 e 16 de junho).
Há um terrorismo mediático. O objetivo de curto prazo é o governo Dilma mas se não for contido, a vítima será o futuro de nosso pais.
Presidente Dilma, por favor não dê ouvidos aos áulicos da tragédia. Nosso desafio é crescer e nosso povo está interessado em renda (manutenção de seu poder de compra) e emprego. Não deixe o Ministério da Fazenda fazer mais cortes de gastos e ouça – quem diria!- o conselho  de um velho liberal, Antonio Delfim Netto, em seu último artigo na Carta Capital: “Voltar a elevar a taxa de juros real é um caminho ruim, porque em orimeiro lugar valoriza o câmbio e em segundo lugar reduz os investimentos, o que prejudica todo o desenvolvimento futuro”.
Jacob Gorender – Com sua morte, a esquerda marxista brasileira perdeu um de seus mais potentes pensadores (Não era apenas um competente colaborador da coleção ‘Pensadores’, como simplificou Elio Gaspari para mais ressaltar o ‘espírito democrático’ do sr. Victor Civita). Era um gigante, o Jacob,  a quem se deve uma bibliografia descholar, a começar pelo seu monumental O escravismo colonial.   Herói da FEB,  renovador no macilento PCB, líder do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário-PCBR ao lado de Apolônio de Carvalho e Mário Alves, e, como eles, preso e torturado. Nós, seus amigos, tivemos, com Ethel, a ventura de enterrá-lo, direito que não nos foi dado, nem à Dilma, e nem à Lúcia, esposa e filha de Mário Alves, assassinado, sob tortura, nas dependências do quartel da Polícia do Exército, na Tijuca, no Rio de Janeiro, e até hoje ‘desaparecido’.
“Este texto pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte ‘Carta Capital on line

Como a defesa da austeridade se desfez






Por Paul Krugman | Do "New York Review of Books"

Em tempos normais, um erro aritmético em um estudo econômico passaria completamente despercebido aos olhos do mundo. Mas, em abril de 2013, a descoberta de um desses erros - na verdade, um erro de codificação em uma planilha, juntamente com vários outros erros na análise - não só se tornou o assunto mais comentado entre os economistas, como também chegou às manchetes dos jornais. Pode-se concluir, mesmo, que esse erro mudou o rumo dos modos de fazer política econômica.

Por quê? Porque o "paper" em questão, "Crescimento em Tempos de Crise", dos economistas de Harvard Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff, havia se transformado em um marco no debate sobre política econômica. Desde que começou a circular, os "austerianos" - defensores da austeridade fiscal, de cortes imediatos e severos nos gastos do governo - vinham citando as supostas constatações de Reinhart-Rogoff para defender sua posição e atacar seus críticos. Repetidas vezes, alegações de que, como disse John Maynard Keynes, "o boom, e não a retração, é o momento certo para a austeridade" - ou seja, os cortes deveriam esperar até que as economias estejam mais fortes - foram confrontadas com declarações de que Reinhart e Rogoff haviam demonstrado o oposto, ou seja, esperar dias melhores seria desastroso, e as economias caem no abismo quando a dívida do governo supera 90% do PIB.

O "paper"de Reinhart e Rogoff possivelmente teve influência mais imediata no debate público do que qualquer outro estudo na história da economia. A afirmação dos 90% foi citada como o argumento decisivo a favor da austeridade por figuras que iam de Paul Ryan, o ex-candidato à Vice-Presidência dos Estados Unidos, que hoje preside a Comissão do Orçamento da Câmara dos Representantes, a Olli Rehn, a principal autoridade econômica da Comissão Europeia, ao conselho editorial do jornal "The Washington Post". Então, a revelação de que o suposto limite de 90% era um produto de erros de programação, omissão de dados e técnicas estatísticas peculiares subitamente fez um número considerável de notáveis parecerem tolos.

No entanto, o verdadeiro mistério estava, antes de mais nada, na razão de Reinhart e Rogoff terem sido levados tão a sério, a ponto de se tornarem canônicos. Desde o começo, críticos se mostraram muito preocupados com a metodologia e as conclusões do "paper", preocupação que deveria ser suficiente para fazer qualquer um parar para pensar. Além disso, o "paper" de Reinhart e Rogoff foi, na verdade, o segundo tomado como evidência decisiva em favor da austeridade econômica, para cair por terra quando submetido a escrutínio cuidadoso. Algo bastante parecido, embora de maneira menos espetacular, aconteceu depois que os "austerianos" ficaram encantados com um "paper" de Alberto Alesina e Silvia Ardagna, que se propunha mostrar que o corte de gastos governamentais teria pouco impacto adverso sobre o crescimento econômico, podendo até mesmo ser expansionista. Essa experiência certamente deveria ter inspirado uma certa cautela.

Então, por que não houve mais cautela? A resposta, como está documentado em livros resenhados aqui (1) e é involuntariamente ilustrado por outros, está na política e na psicologia: o argumento da austeridade era, e é, algo em que muita gente poderosa quer acreditar, o que as leva a se apegarem a qualquer coisa que pareça uma justificativa. Falarei sobre esse desejo de crer mais adiante neste artigo. Antes, porém, será útil percorrer a história recente da austeridade como doutrina e como experiência de política.

"O argumento da austeridade seduz muita gente poderosa, que se apega a qualquer coisa que pareça uma justificativa"

1- No princípio era a bolha. Muitos, muitos livros foram escritos sobre os excessos dos anos de boom - na verdade, livros demais. Pois, como veremos, a compulsão por explicar os detalhes fantásticos do boom, em vez de se buscar compreender a dinâmica da retração, é um problema recorrente para a economia e a política econômica. Por ora, basta dizer que, no começo de 2008, os Estados Unidos e a Europa caminhavam para uma queda. Haviam se tornado excessivamente dependentes de mercados imobiliários aquecidos demais, suas famílias estavam profundamente endividadas, seus setores financeiros estavam subcapitalizados e superdimensionados.

Tudo que era preciso para fazer esse castelo de cartas desabar resumia-se a algum tipo de choque adverso. A implosão dos títulos atrelados a hipotecas subprime nos Estados Unidos fez justamente isso. No outono de 2008, as bolhas imobiliárias dos dois lados do Atlântico haviam estourado, e toda a economia do Atlântico Norte foi pega em uma "desalavancagem", processo em que muitos devedores tentam pagar suas dívidas ao mesmo tempo - ou são forçados a isso.

Por que isso é um problema? Por causa da interdependência: seu gasto é minha receita, e meu gasto é sua receita. Se ambos tentarmos reduzir nossas dívidas cortando gastos, nossas receitas caem - e receitas em queda podem piorar ainda mais nosso endividamento, ao mesmo tempo que também produzem desemprego em massa.

Foi com um estremecimento que estudiosos da história da economia observaram o processo se desenrolar, em 2008 e 2009, porque estava óbvio que se tratava do mesmo processo que provocou a Grande Depressão. De fato, no começo de 2009, os historiadores econômicos Barry Eichengreen e Kevin O'Rourke produziram gráficos chocantes, que mostravam o primeiro ano da queda de 2008-2009 no comércio e na produção industrial como perfeitamente comparável ao primeiro ano da grande depressão mundial de 1929 a 1933.

Então, uma segunda Grande Depressão estava para começar? A boa notícia foi que tínhamos, ou achávamos ter, várias grandes vantagens em relação aos nossos avós, o que ajudaria a limitar os danos. Você pode dizer que algumas dessas vantagens eram estruturais, integradas à maneira como as economias modernas operam, e não exigiam nenhuma medida especial da parte dos formuladores de políticas. Outras eram intelectuais: certamente, havíamos aprendido algo desde a década de 1930 e não repetiríamos os erros de política de nossos avós.

No lado estrutural, provavelmente a maior vantagem sobre os anos de 1930 era a maneira como os impostos e os programas de seguridade social - muito maiores do que em 1929 - agiam como "estabilizadores automáticos". Os salários poderiam cair, mas a renda geral não cairia na mesma proporção, tanto por que a arrecadação tributária se reduziria, como por que os cheques do governo continuariam seguindo para a Previdência Social, o Medicare, o seguro-desemprego e tudo mais. Na verdade, a existência do moderno Estado do bem-estar social impôe um piso aos gastos totais e, desse modo, impediu que a espiral de queda da economia fosse longe demais.

No lado intelectual, os modernos planejadores econômicos conheciam a história da Grande Depressão, e a tinham como um alerta; alguns, incluindo Ben Bernanke, haviam sido grandes estudiosos da Grande Depressão. Aprenderam com Milton Friedman a tolice de permitir que corridas aos bancos provocassem o colapso do sistema financeiro, e a conveniência de inundar a economia de dinheiro em períodos de pânico. Aprenderam com John Maynard Keynes que, em condições de depressão, os gastos do governo podem ser uma forma eficaz de criar empregos. Aprenderam com a desastrada virada de Franklin Delano Roosevelt em direção à austeridade, em 1937, que abandonar cedo demais o estímulo monetário e fiscal pode ser um erro muito grande.

Como resultado, onde o início da Grande Depressão foi acompanhado de políticas que intensificaram a retração - alta dos juros, como tentativa de manter as reservas em ouro; corte nos gastos, como tentativa de equilibrar orçamentos -, 2008 e 2009 foram caracterizados por políticas monetária e fiscal expansionistas, especialmente nos Estados Unidos. O Federal Reserve (Fed) não só cortou as taxas de juros, como foi aos mercados para comprar de tudo, de "commercial papers" a dívidas do governo de longo prazo. O governo Obama promoveria um programa de corte de impostos de US$ 800 bilhões e aumento de gastos. Na Europa, as medidas foram menos dramáticas - mas os "welfare states" mais avantajados reduziram consideravelmente a necessidade de estímulos deliberados.

Alguns economistas (e me incluo entre eles) afirmaram desde o começo que essas medidas monetárias e fiscais, embora oportunas, eram insuficientes, dada a gravidade do choque econômico. De fato, no fim de 2009, estava claro que, embora a situação houvesse se estabilizado, a crise econômica era mais grave do que os formuladores de políticas admitiam, e provavelmente se mostraria mais persistente do que haviam imaginado. Portanto, era de se esperar uma segunda rodada de estímulo para enfrentar o problema.

"A crença de que está havendo gastos governamentais desenfreados é falsa - pelo contrário, estão bem abaixo da tendência normal"

Mas o que, na verdade, aconteceu foi uma reversão súbita.

2-"The Alchemists", de Neil Irwin, trata de um momento e um lugar em que as economias mais avançadas passaram do estímulo para a austeridade. O momento é o começo de fevereiro de 2010; o lugar, de uma forma meio bizarra, é o remoto povoado de Iqaluit, no Ártico Canadense, onde os ministros do G-7 realizaram uma de suas reuniões regulares. Às vezes (frequentemente) esses encontros são pouco mais que ocasiões cerimoniais, e naquele também houve muita cerimônia, incluindo carne crua de foca servida no último jantar (todos os visitantes estrangeiros declinaram). Mas dessa vez algo importante aconteceu. "No isolamento da natureza selvagem canadense", escreve Irwin, "os líderes da economia mundial concordaram em que o grande desafio que enfrentavam havia mudado. A economia parecia estar reagindo; era o momento de voltarem suas atenções para além do estímulo ao crescimento. Nada mais de estímulos."

A que ponto a mudança de política foi decisiva? O gráfico 1, tirado do mais recente [relatório] "Perspectivas Econômicas Mundiais", do Fundo Monetário Internacional (FMI), mostra como os gastos reais dos governos se comportaram nesta crise em comparação a recessões anteriores; no gráfico, o ano zero é o ano antes da recessão global (2008, na atual retração), e os gastos estão comparados com seu nível naquele ano-base. O que se vê é que a crença disseminada de que está havendo gastos governamentais desenfreados é falsa - pelo contrário, após uma alta breve, em 2009, começaram a cair na Europa e nos Estados Unidos e agora estão bem abaixo da tendência normal. A virada para a austeridade foi bem real, e bem grande.

Diante disso, aquela foi uma mudança de política bem estranha. Os manuais de economia afirmam que a redução de gastos públicos faz diminuir a demanda geral, o que leva a uma produção menor e a uma taxa de emprego menor. Isso pode ser desejável se a economia está muito aquecida e a inflação está em alta; alternativamente, os efeitos adversos da redução dos gastos públicos podem ser compensados. Os bancos centrais (o Fed, o Banco Central Europeu ou seus congêneres de outros países) podem cortar as taxas de juros, para, assim, induzir um aumento dos gastos privados. Entretanto, nenhuma dessas condições ocorreu no começo de 2010, e não estão ocorrendo agora. As economias mais avançadas estavam e estão muito deprimidas, sem nenhum sinal de pressão inflacionária. Enquanto isso, as taxas de juros de curto prazo, que estão mais ou menos sob controle do banco central, estão próximas de zero, e deixam pouco espaço para a política monetária compensar a redução dos gastos do governo. Portanto, o manual diria que toda essa austeridade que estamos vendo é bastante prematura, e seria preciso esperar até a economia se mostrar mais forte.

A questão, então, está em saber por que os líderes econômicos jogaram os manuais pela janela tão prontamente.

Uma resposta é que, em primeiro lugar, vários deles nunca acreditaram em manuais. O "establishment" político e intelectual da Alemanha nunca fez muito uso da economia keynesiana, assim como a maior parte do Partido Republicano nos Estados Unidos. No calor de uma crise econômica aguda - como aconteceu no outono de 2008 e no inverno de 2009 - essas vozes discordantes puderam, até certo ponto, ser caladas; mas, assim que as coisas se acalmaram, voltaram com tudo.

Uma resposta mais ampla é a de que falaremos adiante: os motivos políticos e psicológicos que levam muitas figuras influentes a odiar as noções de gasto público e dinheiro fácil. Mais uma vez, assim que a crise ficou menos séria, passou a haver mais espaço para ceder a esses sentimentos.

Além desses fatores, porém, no começo de 2010 havia dois outros aspectos contingenciais da situação: a nova crise na Grécia e o aparecimento de uma pesquisa econômica aparentemente rigorosa e de alta qualidade que dava suporte à posição "austeriana".

A crise grega foi um choque para quase todo mundo, especialmente para o governo que assumiu em outubro de 2009. As novas autoridades sabiam que tinham pela frente um déficit fiscal - mas somente após tomarem posse descobriram que o governo anterior estava maquiando os números, e que o déficit e o estoque de dívida acumulado eram muito maiores que o imaginado. Com as notícias chegando aos investidores, a Grécia, primeiro, e depois a Europa, viram-se mergulhadas em um novo tipo de crise - aquela em que não eram os bancos que quebravam, mas sim os governos, incapazes de tomar recursos emprestados nos mercados internacionais.

A crise grega foi uma dádiva para os antikeynesianos. Eles vinham alertando para os perigos do déficit público; o desastre grego parecia mostrar a que ponto a devassidão fiscal pode ser perigosa. Até hoje, qualquer pessoa que argumentar contra a austeridade fiscal, quanto mais sugerir que precisamos de outra rodada de estímulo, pode esperar ser atacada por alguém que transformará os Estados Unidos (ou o Reino Unido, conforme o caso) na nova Grécia.

Se a Grécia proporcionou a lição óbvia ao mundo real, Reinhart e Rogoff parecem ter fornecido a matemática. Seu "paper" parecia mostrar que a dívida não só prejudica o crescimento, como também há um "limite", um tipo de gatilho, quando o endividamento supera 90% do PIB. Seus números sugerem que, se um país for além desse ponto, o crescimento econômico para. A Grécia, é claro, já estava com um endividamento maior que o número mágico. Mais precisamente, grandes economias, incluindo os Estados Unidos, estavam com grandes déficits fiscais e se aproximando do limite. Colocando a Grécia e Reinhart-Rogoff juntos, parecia haver uma necessidade clara de uma virada brusca e imediata em direção à austeridade.

Mas uma virada dessas em uma economia ainda deprimida pela desalavancagem do setor privado não teria um impacto negativo imediato? Não há com que se preocupar, dizia outro estudo acadêmico bastante influente, "Grandes Mudanças na Política Fiscal: Impostos versus Gastos", de Alberto Alesina e Silvia Ardagna.

Uma das coisas particularmente boas em "Austerity: The History of a Dangerous Idea", de Mark Blyth, é a maneira como acompanha a ascensão e queda da ideia da "austeridade expansionista", a proposição de que o corte nos gastos leva a um PIB maior. Blyth demonstra que essa é uma ideia associada a um grupo de economistas italianos (que ele chama de "the Bocconi boys", em alusão à Universidade Luigi Bocconi, de Milão), que a defendeu em uma série de ensaios que, ao longo do tempo, foram ficando mais estridentes e menos qualificados, culminando na análise de Alesina e Ardagna em 2009.

Em suma, Alesina e Ardagna fizeram um ataque frontal à proposição keynesiana de que cortar gastos públicos em uma economia debilitada produz mais fraqueza. Assim como Reinhart e Rogoff, dispuseram evidências históricas de modo a dar sustentação a seus pontos de vista. Segundo Alesina e Ardagna, grandes cortes de gastos em países avançados sempre foram, em média, seguidos de expansão, e não de contração. O motivo, diziam, é que a austeridade fiscal resoluta criava confiança no setor privado, e essa maior confiança mais do que compensava qualquer empecilho representado por gastos menores do governo.

Conforme Mark Blyth documenta, essa ideia se espalhou como fogo. Alesina e Ardagna fizeram uma apresentação especial, em abril de 2010, ao Conselho de Assuntos Econômicos e Financeiros do Conselho Europeu de Ministros; a análise rapidamente chegou aos pronunciamentos oficiais da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu (BCE). Assim, em junho de 2010, Jean-Claude Trichet, então presidente do BCE, rebateu as preocupações de que a austeridade poderia afetar o crescimento: "Em relação à economia, a ideia de que medidas de austeridade podem desencadear a estagnação é incorreta... Na verdade, nessas circunstâncias, tudo que ajuda a aumentar a confiança das famílias, empresas e investidores na sustentabilidade das finanças públicas é bom para a consolidação do crescimento e a criação de empregos. Acredito piamente que, nas atuais circunstâncias, políticas que inspirem a confiança estimularão o crescimento econômico, e não prejudicarão, porque o principal fator hoje é a confiança". Algo totalmente Alesina-Ardagna.

No verão de 2010, uma ortodoxia da austeridade havia tomado forma, tornando-se dominante nos círculos políticos europeus e influente neste lado do Atlântico. Como as coisas correram nos quase três anos decorridos desde então?

3-É difícil ter evidências claras dos efeitos das políticas econômicas. Geralmente, os governos mudam as políticas com relutância e é difícil distinguir os efeitos das medidas tímidas que adotam de todas as outras coisas que acontecem no mundo. O estímulo Obama, por exemplo, foi temporário e bem pequeno em comparação ao tamanho da economia dos Estados Unidos, jamais ultrapassando 2% do PIB, e entrou em vigor em uma economia assolada pela maior crise financeira em três gerações. Bem ou mal, quanto do que ocorreu em 2009-2011 pode ser atribuído ao estímulo? Ninguém sabe realmente.

No entanto, a virada para a austeridade após 2010 foi tão drástica, especialmente nos países endividados da Europa, que os alertas usuais perderam a maior parte de sua força. A Grécia impôs cortes nos gastos e aumento de impostos correspondentes a 15% do PIB; Irlanda e Portugal ficaram com cerca de 6%; e, ao contrário dos esforços tíbios de estímulo, esses cortes foram sustentados e na verdade se intensificaram ano após ano. Cabe perguntar de que modo a austeridade funcionou de fato.

Economistas italianos, os "Bocconi boys", fizeram sua parte, difundindo a ideia de que existe uma "austeridade expansionista"

A resposta é que os resultados foram desastrosos, como qualquer pessoa teria previsto consultando manuais de macroeconomia. O gráfico 2, por exemplo, mostra o que aconteceu com uma seleção de países europeus. O eixo horizontal mostra as medidas de austeridade - cortes nos gastos públicos e aumento de impostos - como proporção do PIB, conforme estimado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). O eixo vertical mostra a mudança porcentual no PIB real. Como se pode ver, os países que foram forçados a adotar medidas de austeridade severas experimentaram recessões bastante severas, que foram mais ou menos proporcionais ao grau de austeridade.

Foram feitas algumas tentativas para explicar esses resultados, especialmente na Comissão Europeia. Mas o FMI analisou a fundo os dados e não só concluiu que a austeridade teve grandes efeitos econômicos adversos, como também emitiu o que pode ser classificado como um "mea culpa", por ter subestimado esses efeitos adversos.(2) Há uma alternativa à austeridade? E o que dizer dos riscos do endividamento excessivo?

No começo de 2010, com o desastre grego ainda vivo na memória de todos, os riscos do endividamento excessivo pareciam óbvios; esses riscos pareciam ainda maiores em 2011, depois que Irlanda, Espanha, Portugal e Itália entraram para o clube dos países que precisavam pagar grandes ágios de juros. Mas uma coisa engraçada aconteceu a outros países com endividamento elevado, incluindo Japão, Estados Unidos e Reino Unido: apesar dos grandes déficits e do aumento acelerado das dívidas, os custos dos empréstimos para esses países continuavam muito baixos. A diferença crucial, conforme apontou o economista belga Paul DeGrauwe, parecia ser que esses países tinham suas próprias moedas, e tomavam emprestado nessas moedas. Esses países não ficam sem dinheiro porque podem imprimi-lo se necessário e, fora o risco de um aperto monetário, as nações avançadas evidentemente podem arcar com patamares elevados de endividamento sem mergulhar numa crise.

Decorridos três anos desde a virada para a austeridade, tanto as esperanças como os medos dos "austerianos" mostram-se fora de lugar. A austeridade não levou a um aumento da confiança; os déficits não levaram à crise. Mas o movimento em favor da austeridade não estava embasado em pesquisas econômicas sérias? Na verdade, viu-se que não estavam - as pesquisas que os "austerianos" mencionavam eram bastante falhas.

A primeira coisa a soçobrar foi a noção de austeridade expansionista. Antes mesmo do anúncio dos resultados da experiência da Europa com a austeridade, o "paper" Alesina-Ardagna ruía sob análises rigorosas. Pesquisadores do Roosevelt Institute observaram que nenhum dos exemplos alegados de austeridade que levariam à expansão da economia ocorreram em meio a uma retração econômica; pesquisadores do FMI constataram que a medida Alesina-Ardagna de política fiscal tinha pouca relação com as mudanças de políticas reais. "Na metade de 2011", escreve Blyth, "o apoio empírico e teórico à austeridade expansionista estava desaparecendo." Lentamente, com pouco estardalhaço, toda a noção de que a austeridade pode estimular as economias deixou a cena pública.

Reinhart-Rogoff duraram mais tempo, muito embora questionamentos importantes tenham sido feitos sobre o trabalho dos dois bem no início. Já em julho de 2010, Josh Bivens e John Irons, do Economic Policy Institute, haviam identificado um erro claro - uma interpretação equivocada dos dados da economia americana imediatamente após a Segunda Guerra Mundial - e um grave problema conceitual. Reinhart e Rogoff não ofereceram evidências de que a correlação ia do endividamento elevado para o crescimento baixo, em vez de fazer o caminho contrário, e outras evidências sugeriram que o segundo caso era mais provável. Mas essas críticas tiveram pouco impacto; pode-se dizer que, para os "austerianos", Reinhart-Rogoff foram uma história boa demais para ser conferida.

Então, a revelação, em abril de 2013, dos erros de Reinhart e Rogoff veio como um choque. Apesar da influência de seu "paper", Reinhart e Rogoff não fizeram uma distribuição ampla de seus dados - e pesquisadores que trabalharam com dados aparentemente comparáveis não conseguiam reproduzir seus resultados. Até que puseram suas planilhas à disposição de Thomas Herndon, estudante de pós-graduação da Universidade de Massachusetts em Amherst - e ele as achou muito estranhas. Havia, na verdade, um erro de codificação, que pouco contribuíra para as conclusões de Reinhart e Rogoff. Mais importante é que os dados por eles empregados não serviam para incluir as experiências de vários países aliados - Canadá, Nova Zelândia e Austrália - que emergiram da Segunda Guerra Mundial com endividamento alto, e ainda assim apresentaram crescimento sólido. E usaram um sistema de ponderação estranho, em que cada "episódio" de endividamento elevado era considerado da mesma forma, tivesse ocorrido durante o ano de crescimento ruim ou durante 17 anos de crescimento bom.

Além desses erros e esquisitices, ainda havia uma correlação negativa entre dívida e crescimento - mas isso poderia ser, e provavelmente era, principalmente uma questão de baixo crescimento levando a endividamento elevado, e não o contrário. E o "limite" de 90% desapareceu, solapando as histórias assustadoras que estavam sendo usadas para vender austeridade.

Não surpreende que Reinhart e Rogoff tenham tentado defender seu trabalho; mas suas respostas foram inconsistentes, na melhor das hipóteses, e evasivas, na pior. O mais notável é que continuam escrevendo de uma maneira que sugere, sem declarar diretamente, que o endividamento de 90% do PIB é um tipo de limite a partir do qual coisas ruins acontecem. Na verdade, mesmo se alguém ignorar a questão da causalidade - se o crescimento baixo causa o endividamento elevado, ou o contrário -, os efeitos aparentes sobre o crescimento da dívida a partir de, digamos, 85% a 95% do PIB, são bem pequenos e não justificam o pânico com o endividamento que tem sido uma influência tão poderosa sobre políticas econômicas.

A esta altura, portanto, a economia da austeridade está muito mal. Suas previsões mostraram-se totalmente erradas; os documentos acadêmicos produzidos não só perderam o status canônico, como se tornaram alvo de zombaria. Mas, como afirmei, nada disso (exceto aquele erro no Excel) deveria ser surpresa: a macroeconomia básica deveria ter dito a todos que esperassem o que de fato aconteceu, e os estudos que agora caíram em descrédito obviamente apresentavam falhas desde o começo.

"Economistas que disseram à elite o que ela queria ouvir foram celebrados, apesar das muitas evidências de que estavam errados"

Isso levanta a questão óbvia: por que a economia da austeridade exerceu poder tão grande sobre a opinião da elite logo de início?

4-Todos gostam de uma representação moral. "Pois o salário do pecado é a morte" é uma mensagem muito mais satisfatória do que "merda acontece". Todos queremos que os acontecimentos tenham um significado.

Quando aplicada à macroeconomia, essa compulsão pela busca de um significado moral cria em todos nós uma predisposição a acreditar em histórias que atribuem as consequências de uma recessão aos excessos do boom que a precedeu - e, talvez, também torne natural ver as consequências como necessárias, parte de um processo inevitável de limpeza. Quando Andrew Mellon pediu a Herbert Hoover que deixasse a Depressão seguir seu curso, para "purgar a podridão" do sistema, ele estava oferecendo um conselho que, por mais ruim que fosse economicamente, tinha uma ressonância psicológica junto a muitas pessoas (e ainda tem).

Em contraste, a economia keynesiana se baseia fundamentalmente na premissa de que a macroeconomia não é uma representação moral - as depressões são essencialmente uma disfunção técnica. Com o agravamento da Grande Depressão, Keynes fez a famosa declaração de que "temos um problema de magneto" - ou seja, os problemas da economia são como os de um automóvel com um defeito pequeno, mas crítico, em seu sistema elétrico, e o trabalho do economista é descobrir como consertar esse problema técnico. A obra-prima de Keynes, "A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda", é notável - e revolucionária - por não dizer quase nada do que acontece nos booms econômicos. Teóricos pré-keynesianos do ciclo de negócios adoravam explicar os excessos chocantes que ocorrem em épocas de vacas gordas, ao mesmo tempo em que tinham relativamente pouco a dizer sobre o que exatamente faz com que esses excessos abram espaço para os períodos de vacas magras, ou o que você deveria fazer quando eles fazem isso. Keynes inverteu essa prioridade; quase toda sua atenção estava voltada para a maneira como as economias ficam deprimidas e o que pode ser feito para deixá-las menos deprimidas.

Eu diria que Keynes estava certíssimo nessa abordagem, mas não há dúvida que ela é bastante insatisfatória para muitos, como uma questão emocional. Assim, não deveríamos nos surpreender com o fato de muitas interpretações populares de nossos problemas atuais retornarem, sabendo disso ou não seus autores, ao estilo instintivo e pré-keynesiano de discorrer sobre os excessos do boom, em vez das falhas da retração.

"The Great Deformation", de David Stockman, deve ser visto sob esse prisma. O livro é uma arenga extremamente longa contra os excessos de vários tipos, com todos eles, na visão de Stockman, tendo culminado na atual crise. Aos olhos de Stockman, a história é uma série de "farras": "uma farra de tomada insustentável de empréstimos", uma "farra de repressão dos juros", uma "farra de engenharia financeira destrutiva" e, repetidamente, "uma farra de impressão de dinheiro". Isso porque, no mundo de Stockman, todos os males da economia derivam do pecado original do abandono do padrão-ouro. Toda a prosperidade que achamos que tivemos desde 1971, quando Nixon abandonou o último elo com o ouro, ou talvez até mesmo desde 1933, quando Franklin Delano Roosevelt nos tirou o ouro pela primeira vez, foi uma ilusão destinada a terminar em lágrimas. E, é claro, qualquer política que quiser aliviar a atual recessão só vai piorar as coisas.

Por si só, o livro de Stockman não é importante. Além de alguns ataques aos republicanos, consiste basicamente de declarações bombásticas de analistas que recomendam o ouro. Mas a atenção que o livro despertou, a maneira como impressionou muita gente, incluindo até mesmo alguns liberais, sugere quanto ainda é forte a compulsão de se ver a economia com um auto de moralidade, três gerações após Keynes ter tentado nos mostrar que não é nada disso.

E de maneira nenhuma autoridades poderosas estão imunes a essa compulsão. Em "The Alchemists", Neil Irwin analisa os motivos de Jean-Claude Trichet, então presidente do Banco Central Europeu (BCE), ao defender políticas duras de austeridade: "Trichet abraçou um ponto de vista, especialmente comum na Alemanha, que estava embasado em um tipo de moralismo. A Grécia havia gastado demais e se endividado muito. Precisava cortar gastos e reduzir déficits. Se mostrasse coragem e determinação política, os mercados iriam recompensá-la com custos menores na tomada de empréstimos. Ele depositou muita fé no poder da confiança..."

Dado esse tipo de predisposição, seria de admirar que a economia keynesiana tenha sido jogada pela janela, enquanto Alesina-Ardagna e Reinhart-Rogoff foram instantenamente elevados à condição de canônicos?

Então, o impulso "austeriano" seria apenas uma questão de psicologia? Não. Há também uma boa pitada de interesse próprio envolvido. Como já notaram vários observadores, um afastamento do estímulo fiscal e monetário pode ser interpretado, se você quiser, como conceder aos credores prioridade sobre os trabalhadores. Inflação e juros baixos são ruins para os credores, mesmo que promovam a criação de empregos; reduzir déficits do governo numa situação de desemprego em massa pode agravar uma depressão, mas aumenta a certeza dos detentores de bônus de que seus títulos serão totalmente pagos. Não acredito que alguém como Trichet estivesse cínica e conscientemente servindo a interesses de classe à custa do bem-estar geral; mas certamente não há por que ignorar que seu senso de moralidade econômica tenha se encaixado tão perfeitamente nas prioridades dos credores.

Também vale notar que, embora pareçam em grande medida um fracasso lamentável, as políticas econômicas adotadas desde a crise financeira não têm sido tão ruins para os ricos. Os lucros tiveram uma forte reação mesmo com a persistência de uma taxa de desemprego sem precedentes no longo prazo; os índices de ações dos dois lados do Atlântico voltaram aos patamares anteriores à crise mesmo com o rendimento médio fraco. Pode ser um exagero dizer que aqueles que fazem parte do 1% mais rico na verdade se beneficiam de uma depressão contínua, mas certamente não estão sendo tão prejudicados, e isso provavelmente tem a ver com a disposição dos formuladores de políticas de permanecer no curso da austeridade.

5-Como isso pôde acontecer? Essa é a pergunta que muitos faziam quatro anos atrás; e ainda é a pergunta que muitos fazem hoje. Mas o "isso" mudou.

Já em julho de 2010, economistas haviam identificado um erro de interpretação e um grave problema conceitual no "paper" de Reinhart e Rogoff

Há quatro anos, o mistério era como uma crise financeira tão terrível havia acontecido, com pouco aviso prévio. As lições duras que tivemos de aprender envolveram a fragilidade das finanças modernas, a estupidez de confiar a regulação dos bancos a eles mesmos, e os perigos de supor que arranjos financeiros pomposos eliminaram, ou mesmo reduziram, problemas de risco muito antigos.

Eu diria, no entanto - por mais egoísta que possa parecer (alertei sobre a bolha imobiliária, mas não tinha nenhuma noção do tamanho do colapso que se seguiria quando estourasse) -, que o fracasso na previsão da crise foi um pecado relativamente menor. As economias são complicadas, entidades em eterna mutação; ficou entendido que poucos economistas perceberam até onde os empréstimos de curto prazo e a securitização de ativos, como as hipotecas subprime, recriaram velhos riscos que caberia ao seguro de depósitos e à regulamentação bancária controlar, conforme previsto quando de sua criação.

Para mim, o que aconteceu depois - a maneira como os formuladores de políticas econômicas voltaram suas costas para praticamente tudo que os economistas aprenderam sobre como enfrentar depressões, a maneira como a opinião da elite se apoderou de tudo que pudesse ser usado para justificar a austeridade - foi um pecado muito maior. A crise financeira de 2008 foi uma surpresa, e aconteceu muito rápido; mas fomos aprisionados em um regime de baixo crescimento e desemprego desesperançadamente alto que já dura anos. Durante todo esse tempo, os formuladores de políticas ignoraram as lições da teoria e da história.

É uma história terrível, principalmente por causa do imenso sofrimento resultante desses erros de política. Também é muito preocupante para aqueles que gostam de acreditar que o conhecimento pode fazer uma diferença positiva no mundo. Até onde os formuladores de políticas e a opinião da elite em geral fizeram uso das análises econômicas, fizeram-no, como diz o ditado, da maneira que um bêbado usa um poste de rua: pelo apoio, e não pela iluminação. "Papers" e economistas que disseram à elite o que ela queria ouvir foram celebrados, apesar das muitas evidências de que estavam errados; os críticos foram ignorados, não importando a frequência com que estivessem certos.

O fracasso de Reinhart-Rogoff fez surgir alguma esperança, entre os críticos, de que a lógica e as evidências finalmente estão começando a ter importância. Na verdade, é cedo demais para dizer se o domínio da economia da austeridade sobre políticas econômicas vai diminuir de maneira significativa, diante dessas revelações. Por enquanto, a mensagem mais geral dos últimos anos continua sendo a de que poucos benefícios podem resultar do saber. (Tradução de Mario Zamarian)

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Medidas já tomadas pelo governo federal para a redução dos custos do transporte público




Por: Blog do Planalto

O governo federal implementou, recentemente, várias medidas para reduzir os custos de toda a cadeia do transporte público, desde a fabricação de ônibus e vagões de metrô até os serviços de transporte, passando pela compra de combustíveis e outros insumos utilizados pelo setor. As principais medidas tomadas foram:
1. Desoneração da folha de pagamentos
a. Para o setor de transportes urbano rodoviário, metroviário e ferroviário:
Desde janeiro de 2013, foi eliminada a contribuição previdenciária patronal de 20% sobre a folha de pagamento das empresas de serviço de transporte. Em contrapartida, essas empresas passaram a pagar apenas 2% sobre seu faturamento, com impacto anual estimado de R$ 1,45 bilhão.
b. Para fabricação de ônibus e equipamentos ferroviários:
Para as empresas fabricantes também foi adotada a eliminação da contribuição patronal na folha. Nesse caso, houve a adoção de uma contribuição de 1% sobre o faturamento, resultando em uma desoneração de R$ 176 milhões por ano.
2. Eliminação do PIS/Cofins
Desde o início deste mês, está em vigor a Medida Provisória 617, que elimina a incidência de PIS/Cofins sobre a receita das empresas de transportes urbano rodoviário, metroviário e ferroviário. A alíquota anterior era de 3,65%.

3. Redução para zero da Cide sobre diesel
Desde junho de 2012, a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) foi reduzida a zero para os combustíveis. Com essa redução, reduz-se o preço do óleo diesel utilizado pelos ônibus urbanos, contribuindo diretamente para a diminuição dos custos do transporte público. Para todos os combustíveis, a estimativa da renúncia fiscal com a redução a zero da Cide é de R$ 11,4 bilhões.
4. Redução da tarifa de energia elétrica
Em janeiro, o governo federal viabilizou a redução dos preços da energia elétrica, insumo utilizado pelo sistema de metrô. A redução das tarifas foi de 20% em média. Isto significa uma redução de cerca de 3% nos custos das empresas do metrô. De acordo com a CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos), o gasto médio de energia mensal, em Belo Horizonte, reduziu-se de R$ 1,25 milhão para R$ 800 mil; em Recife, passou de R$ 2 milhões para R$ 1,4 milhão.

5. IPI Zero para ônibus
Os ônibus estão isentos de IPI (Impostos sobre Produtos Industrializados), iniciativa que certamente contribui para a redução dos preços finais dos ônibus, com impacto sobre a tarifa de transporte.
6. Redução do custo de financiamento na aquisição de ônibus
Em 2013, a taxa de juros para a compra de ônibus, vagões e locomotivas está estipulada entre 3% e 4%, dentro do programa federal PSI (Programa de Sustentação do Investimento). O prazo de financiamento é de até 10 anos. Com essa redução de custo financeiro, incentiva-se a aquisição de ônibus pelas empresas de transporte público. Desde 2009, já foram desembolsados R$ 11,6 bilhões para o transporte urbano e rodoviário no Cambito do PSI.
7. Subsídios do governo federal para o metrô
Graças também aos subsídios, o preço do bilhete de metrô em Natal, Maceió e João Pessoa é de R$ 0,50 desde 2003. Em Belo Horizonte, é de R$ 1,80 desde 2007. (arquivo em .PDF)
grafico4

Meu comentário: Repito, devemos cobrar os GOVERNOS ESTADUAL E MUNICIPAL!!!!

terça-feira, 18 de junho de 2013

Ponto de Exclamação!



Por Ricardo Maia

Qual o fundamento de toda esta manifestação? Quem está por trás disso? Quem ganha e quem perde com todo este movimento? Na verdade são perguntas que ficarão por algum tempo sem resposta clara e direta, mas, cada um de nós sabe de nossas reivindicações, dos nossos problemas, sobretudo àquelas questões que surgem quando passamos em frente à nova Arena da Amazônia e nos perguntamos para quê tanto dinheiro num evento que tem duração de quatro dias, se nosso futebol está na categoria D do campeonato brasileiro? Se nossas escolas públicas estão sucateadas, e se nossas vias estão, hiperbolizando, piores do que a Europa após a Segunda Guerra Mundial? Se nossa infraestrutura carece de investimento, sobretudo os portos do interior do Amazonas que já receberam recursos para as devidas reformas, ampliação e construção, mas há anos sem finalizar as obras. Sem esquecer a saúde e a segurança pública que necessitam de melhoria contínua.

Sinceramente, retruquei na época em que Manaus foi contemplada como subsede da Copa do Brasil de 2014, mas em seguida pensei no seu legado: Na infraestrutura, como internet, telefonia, ruas, avenidas e novas vias de escoamento, transporte público renovado, enfim, toda uma cadeia seria movimentada. Mas ao invés disso nada foi feito e nada será feito. Só um grande monumento em benefício de nada, somente o símbolo de uma megalomania pessoal e de um governo que há muito tempo engana o miserável com um discurso manjado e falacioso.

Na esfera nacional vale pensar numa outra coisa, nosso país ainda carece de muito trabalho a ser feito, sem esquecer que muitos projetos já foram iniciados. Agora, todo governo tem seus focos e diretrizes de trabalho, trabalhos estes que necessitam ser executados por etapa. Um prédio não pode ser construído de cima para baixo, existe uma ordem para todas as coisas. O governo federal atual tem focado em tirar muita gente da pobreza, e isso não se constrói da noite para o dia. Não se pode ter uma política econômica extremamente austera quando se têm que tirar milhões de brasileiros da pobreza e extrema pobreza, isso envolve forças e classes contrárias, além de consequências, que quando ocorrem, precisam ser monitoradas e controladas, neste caso e em termos econômicos, temos a inflação como exemplo mais contundente.

Na economia existe o conceito do custo de oportunidade, onde o termo é usado para indicar o custo de  uma oportunidade renunciada, ou seja, o custo, até mesmo social, causado pela renúncia do ente econômico, bem como os benefícios que poderiam ser obtidos a partir desta oportunidade renunciada. As correntes neoliberais reclamam da desaceleração da economia frente a uma política de aumento do poder de consumo e o aumento das classes C e D, um passo que foi dado sabendo-se deste custo de oportunidade, acontece que estes neoliberais não explicam o custo de oportunidade neste caso, nublando um debate em prol das grandes castas. Só não comentam que o próximo passo, não menos simples, do Governo agora é unir o poder de consumo atual e demanda existente com a oferta em falta, fomentar a produtividade necessária para se chegar ao equilíbrio desejado. Posso citar a MP dos Portos como decisão importante para esta meta.

O capitalismo, infelizmente, sustenta uma casta que nunca quer perder nada, que almeja ganhar mais e mais multiplicados infinitamente, que não se importa de fato com aqueles estão abaixo de sua linha de sustentação. Todavia, para diminuir este hiato entre a extrema pobreza e a extrema riqueza, são necessárias medidas que nunca irão agradar as multinacionais e as forças contrárias, gerando medos e incertezas.

Estas reivindicações que estamos vendo são válidas e pertinentes, mas devemos cobrar principalmente os GOVERNOS ESTADUAIS e MUNICIPAIS, que são os receptores e gestores de VULTOSOS volumes de recursos para execução de políticas públicas, e que na maioria das vezes não são utilizados corretamente. Neste caso, temos as ferramentas de controle externo: Legislativo, TCE e a população que mais do que nunca, tem que ser atuante e diligente, fiscalizando e cobrando do poder público a execução das políticas públicas firmadas.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Ponto de Ruptura





Revista Isto é
Por Ricardo Amorim


Em time que está ganhando não se mexe. E em time que está perdendo? Não, nada a ver com a seleção do Felipão. Refiro-me à nossa política econômica.

No ano passado, em toda a América Latina, o crescimento brasileiro superou apenas o do Paraguai. Em 2011, nosso crescimento já tinha decepcionado e no primeiro trimestre deste ano, nova desilusão. Para piorar, a inflação anual está em elevação desde julho, nosso déficit de transações correntes ̶ o mais importante indicador da saúde das contas externas  vem aumentando desde setembro e nosso déficit público cresce desde agosto de 2011.

Com tantas variáveis macroeconômicas piorando, por que a insistência do governo em seguir por um caminho que não tem trazido bons resultados? A explicação é política e econômica. Até agora, o mau desempenho macroeconômico não afetava a popularidade da Presidenta Dilma porque o desemprego continuava em queda, causando elevações de salários. Salários mais altos somados ao crescimento da oferta de crédito geravam maior poder de compra para boa parte da população, e satisfação com o governo.

Algo começou a mudar. Entre as surpresas negativas dos recentes dados do PIB, a maior foi a expansão pífia do consumo das famílias, até aqui o principal pilar de sustentação de nosso crescimento. A elevação dos preços e altos níveis de comprometimento de renda com pagamento de prestações de dívidas já estão minando a capacidade dos brasileiros de ir às compras e a própria popularidade da Presidenta.

Não por acaso, o governo deu sinal verde ao Banco Central para enfrentar a ameaça inflacionária, acelerando a alta de juros. Os juros ainda terão de subir mais, talvez muito mais, até porque, na falta de medidas compensatórias, a desvalorização do Real frente ao dólar aos níveis mais fracos desde 2009 colabora para a aceleração da inflação.

Se for significativa, a alta dos juros pode debelar o risco inflacionário, só que encarece o crédito e esfria o consumo. Por outro lado, se não for acompanhada de medidas de estímulo à expansão da capacidade produtiva  ̶ estímulos a investimentos e produtividade  ̶ ela transformará o PIBinho em PIBúsculo, com crescimento do desemprego e quedas de salários.

Para crescer de forma sustentada a longo prazo, um país necessita de expansões também sustentadas tanto da oferta de bens e serviços quanto da demanda por eles. Se o consumo não se ampliar  ̶  como tem ocorrido em tantos países europeus nos últimos anos  ̶  a economia não se expande. Se a oferta não acompanhar a alta do consumo, o crescimento econômico será limitado e a inflação subirá, como tem ocorrido recentemente no Brasil.

Entre 2004 e 2010, foi possível evitar este truísmo econômico porque partimos de um desemprego alto e uma utilização limitada da infraestrutura existente. De lá para cá, incorporamos milhões de pessoas ao mercado de trabalho e o desemprego caiu aos níveis mais baixos da história. Com parcos investimentos, o atual gargalo de infraestrutura é óbvio. Para completar, políticas voltadas para reduzir as margens de lucro nos setores financeiro, elétrico, de mineração e petrolífero afugentaram investimentos, limitando o crescimento da oferta de produtos e serviços.


Uma mudança no modelo de desenvolvimento do país é inevitável, política e economicamente. Não dá mais para estimular a demanda sem impulsionar o crescimento da oferta. O governo parece ter percebido isto. Recentemente, elevou a remuneração para investimentos no setor ferroviário e aprovou a nova lei dos portos. Para o bem do país, e até das pretensões eleitorais da Presidenta, mudanças adicionais terão de ser rápidas, amplas e profundas.