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quarta-feira, 31 de julho de 2013

Os clubes, suas dívidas impagáveis, a Caixa e a Copa do Mundo


Por André Rocha


É tentador analisar os clubes como se estes fossem empresas abertas. Adotando-se a metodologia do fluxo de caixa descontado, qual seria o valor de mercado dos principais clubes brasileiros? O endividamento dos clubes é sustentável? O patrocínio da Caixa Econômica Federal a alguns clubes livrou o futebol brasileiro de um vexame às portas da Copa do Mundo no país.

O fluxo de caixa descontado é a métrica mais utilizada pela análise fundamentalista para se avaliar uma empresa. Os fluxos de caixa futuros da empresa são trazidos a valor presente a uma determinada taxa de desconto. Do valor presente do fluxo de caixa daí obtido abate-se a dívida líquida atual da empresa (dívida bruta menos caixa), chegando-se ao valor de mercado das empresas.
Tomando por base o balanço de 2011, os 12 clubes de maior torcida apresentaram dívidas elevadas e apenas quatro apresentaram superávit no ano: Santos, Corinthians, São Paulo e Vasco. O superávit ou déficit nas demonstrações financeiras dos clubes correspondem ao lucro ou prejuízo líquido das empresas de capital aberto. Embora o superávit ou déficit não representem a geração de caixa, com estes resultados, a maior parte dos clubes provavelmente apresentou fluxo de caixa operacional negativo ou, na melhor das hipóteses, ligeiramente positivo em 2011.
Assim caso o resultado de 2011 se repita nos demais anos, o valor de mercado dos times tende a ser negativo. Alguns podem alegar que os clubes possuem ativos como estádios e direitos econômicos de jogadores. Contudo, os rendimentos derivados dos estádios já estão computados na demonstração de resultados e os direitos sobre os jogadores são uma mera expectativa de direito. Muitos destes jogadores não apresentarão desempenho esportivo condizente com o valor contabilizado o que deve gerar provisões e os ganhos obtidos com aqueles que tenham sucesso funcionarão como um alívio momentâneo de caixa, porém insuficientes para suportar o pesado endividamento e os custos e despesas  dos clubes.
Analistas utilizam o indicador de dívida líquida sobre o Ebitda (geração simplificada de caixa) para calcular o grau de endividamento. Caso o indicador supere três vezes, o sinal de alerta deve ser acionado. Os clubes apresentam baixo Ebitda, logo o indicador perde sua função. Assim, utiliza-se a receita bruta. Entre os doze maiores clubes brasileiros, seis possuem indicador de dívida sobre a receita ao redor de duas vezes o que mostra a grave situação enfrentada pelos clubes.


O endividamento de alguns clubes se elevou substancialmente em decorrência de reavaliações realizadas quando outra corrente política assumiu o poder como aconteceu com o Vasco e o Flamengo. Assim, mesmo clubes com dívidas menores podem ver seu endividamento inflado repentinamente caso a oposição assuma os destinos do clube.
É comum escutarmos que os clubes não conseguem gerar receita em decorrência de sua incompetência. Embora muito possa ser melhorado, não tem sido fácil para os clubes obterem patrocínios. O Corinthians, poderoso pelo tamanho de sua torcida concentrada no Estado mais rico da Federação, passou alguns meses de 2012 sem ostentar patrocínio apesar dos títulos recentes. A situação só foi aliviada, no fim do ano, com o anúncio do patrocínio da Caixa Econômica Federal.
Aliás, o banco público tem sido a salvação de muitos clubes. Segundo o site Máquina do Esporte, a Caixa poderá investir R$ 111 milhões anualmente em 11 clubes, dentre eles quatro gigantes: o próprio Corinthians, o Flamengo, o Vasco e o Cruzeiro (ainda não confirmado).
Esses recursos vieram em boa hora, pois parte das dívidas fiscais e trabalhistas já se encontram em fase de execução, gerando penhoras em alguns clubes. Assim, o dinheiro da Caixa serve para postergar o problema, mas não deve ser suficiente para cobrir os gastos correntes e as amortizações e os encargos das dívidas fiscais e trabalhistas pretéritas.
A diretoria da Caixa pode não ter tido esta intenção, mas o banco público impediu que grandes agremiações apresentassem um quadro de penúria financeira em pleno ano de Copa do Mundo no país. O vexame foi contornado, mas até quando?

terça-feira, 30 de julho de 2013

Pessimismo não corresponde à realidade da economia


Por Flavia Lima | Valor Econômico

O pessimismo predominante na economia não corresponde à realidade que estamos vivendo, afirmou o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto em evento na Câmara Americana de Comércio (Amcham), em São Paulo. "Não perdemos o controle da economia", disse. 
Delfim Netto reconhece, no entanto, que, na parte fiscal, o país está em situação desconfortável. "O governo fez tantas artes, que transformou a dívida líquida em um indicador inutilizado", afirmou. "[A dívida bruta de] 60% é elevada, se comparada aos países emergentes, mas não é nada trágica. Não estamos num estado de tragédia fiscal". 
Com relação à inflação, Delfim Netto também identifica certo desconforto. "Uma inflação de 6,5% é alta. São poucos países que têm inflação superior a 5%, mas não perdemos o controle". Segundo o economista, a impressão é de que o Banco Central declarou a sua independência. "[Isso não significa] que chegaremos ao 4,5% amanhã, mas as últimas decisões do BC têm ido nesta direção. E boa parte desta inflação está ligada a fenômenos climáticos".
No setor externo, Delfim Netto destacou que o país tem cometido erros brutais nos últimos anos, ao permitir a valorização do câmbio, com políticas como o aumento salários nominais muito acima da produtividade e taxas de juros "altíssimas". 
"Destruímos o setor industrial. Esse setor conservou a mão de obra, apesar do custo, e está esperando substituir algumas importações que foram feitas a custo de equívoco interno", disse, acrescentando que à tragédia da valorização cambial soma-se a tragédia tarifária. 
Delfim Netto afirmou ainda que o país mantém reservas bastante razoáveis e tem expertise para permitir que o ajuste do câmbio se faça de forma ordenada. "Se o governo não tiver cuidado pode ter 'overshooting' no câmbio, com mais inflação e um Estado com mais risco, já que tem um estoque de reservas em dólar, e um setor privado mais pobre, porque deve em dólares, com problema de crédito muito sério". Segundo Delfim Netto, o sistema bancário é forte, mas os clientes que emprestaram em dólar vão ter que fazer ajustes nas suas finanças. 
Falta de confiança trava investimentos
O Brasil não cresce a um ritmo mais forte por falta absoluta de confiança entre governo e setor privado, avalia o ex-ministro da Fazenda. "Criou-se a falsa ideia de que governo quer capitalismo a lucro zero sob seu comando e o setor privado aceitou essa ideia", afirmou. Por outro lado, disse o economista, o governo pensa que setor privado "não vale nada, é egoísta e não pensa no país". 
Para o economista, a ideia de que o monopólio do nacionalismo estaria nas mãos do governo é falsa. "O governo é sério e pragmático, mas precisa aprender. Ele tem que dar o primeiro passo mostrando que é a favor de uma economia de mercado. E o setor privado tem que demonstrar que entende esse fato e que, portanto, vai assumir seu papel no desenvolvimento". 
Para Delfim Netto, todo governo é intervencionista por definição. Ele ressaltou que nas mudanças relativas aos preços na energia elétrica não houve quebra de contrato, mas que tudo foi feito com o que qualificou como "inabilidade". Segundo Delfim Netto, a relação entre o governo e o setor privado tem grandes dificuldades e fricções que mais parecem uma “lixa”.       
Quanto aos protestos que tomaram as ruas do país em junho, Delfim Netto afirmou que a pergunta que não se fez nas ruas foi em que deputado cada manifestante votou. "Quando eles [os manifestantes] reclamam que não têm voz é porque foram incapazes de perceber que nossa voz se manifesta de quatro em quatro anos. Há, sim, uma falta de compromisso do eleitor com quem ele elege", afirmou. "Nós temos que entender que só podemos falar em sociedade republicana e democrática uma vez a cada quatro anos e é preciso que neste dia a gente [se desloque] quase como se fosse à missa, entendendo a urna como coisa séria".

IDH: educação é a chave dos novos avanços

Por Miriam Leitão


O Brasil, nos últimos 20 anos, saiu de baixo para alto desenvolvimento humano, segundo o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Isso é para ser louvado. Foram muitas as conquistas.

A expectativa de vida do brasileiro, por exemplo, aumentou nove anos nesse período.
Esse é o resultado de um trabalho coletivo, de dois governos que são adversários no campo político - Fernando Henrique e Lula, e das famílias, das ONGs, da democracia.
A Constituição de 1988 estabeleceu a preocupação com a redução da desigualdade, da pobreza, o que levou à criação do SUS, por exemplo, que apesar de todos os defeitos, aumentou o atendimento à mulher gestante, à criança.
Há muitos datos para comemorar, mas também muitos pontos de preocupação. Quando o Brasil olha para trás, vê o quanto melhorou em relação a ele mesmo. Quando olha para o lado, nota que há países que avançaram mais.
Ainda temos muito a fazer e temos que concentrar os esforços na educação. O Brasil colocou toda criança na escola, melhorou o acesso ao ensino fundamental, mas o médio está no gargalo. O Brasil tem que avançar ainda mais.
É preciso melhorar a educação, porque estamos na era da economia do conhecimento e se perdermos essa batalha teremos perdido a guerra.
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Meu comentário: Interessante é que quando a notícia é boa, o mérito é do FHC também...
Experimentamos uma expansão na educação, principalmente no aumento dos números das faculdades, sem falar na internet e no seu salto. Isso gerou um aumento considerável na massa crítica, porém qual a qualidade da massa crítica? A maioria dos notíciarios das emissoras têm seus comentaristas de economia que são donos de empresas de consultorias que trabalham para os grandes empresários. Estes defendem que a economia no Brasil andasse de rédeas soltas sem a intervenção do governo, no entanto, um país em desenvolvimento precisa da intervenção do governo para dar foco nas áreas da maior prioridade, o que uma economia totalmente livre nao faria, e só enriqueceria quem já é, sem se preocupar com a melhor distribuição de renda. Os méritos dessa melhoria no IDHM são decorrentes de políticas voltadas para distribuição e equilíbrio da renda.


sexta-feira, 26 de julho de 2013

Agricultura: boa perspectiva!!!

Por Antonio Delfim Netto

Diante de tanta confusão e pessimismo produzidos por uma radical desconfiança entre o setor privado (que acha que o governo "ignora a realidade") e o governo (que acha o setor privado "excessivamente egoísta"), mesmo alguns progressos da política econômica e social são ignorados.
É o caso, por exemplo, do avanço representado pelo excelente Plano Agrícola e Pecuário para 2013/2014, que ataca alguns dos pontos críticos do agronegócio. Esse não se restringe apenas ao processo de produção e distribuição do setor agropecuário. Envolve toda a cadeia de serviços (pesquisa, transporte, armazenamento, produção de sementes, de insumos etc.), que hoje adiciona valor da ordem de 20% a 25% do PIB e emprega cerca de 30 milhões de pessoas, num espectro que vai do mais humilde trabalhador ao mais extraordinário cientista.
A safra 2012/2013 de cereais, leguminosas e oleaginosas deverá atingir 186 milhões de toneladas. Para efeito de comparação, a safra 2002/2003 foi de 123 milhões, o que significa aumento de 51% nos últimos dez anos (uma taxa formidável de 4,2% ao ano) que nos mantém na liderança do aumento da produtividade total dos fatores de produção na agricultura mundial no período.

O gráfico vale mais do que mil palavras: enquanto a produção cresceu entre 1975 e 2011 quase quatro vezes, o indicador ponderado dos insumos usados cresceu menos do que 10%. Esse aumento liberou mão de obra no período (18%), manteve estável a área plantada (mais 3%), com um aumento da relação capital/homem da ordem de 57% (1,3% ao ano). O progresso se deu, basicamente, pelo aumento da produtividade física da mão de obra da ordem de 4,7% ao ano, o que se refletiu nos salários.
Isso é explicado pelo Índice de Desenvolvimento Rural (IDR) produzido pela FGV-CNA, uma sofisticada tentativa de medir os impactos econômicos, sociais, demográficos e ambientais que acompanham o desenvolvimento da agricultura no nível dos 5.489 municípios do país..
O ranking foi dividido em quatro grupos, contendo cada um 25% dos municípios (1.372) da seguinte forma: 1) IDR baixo - menor ou igual a 0,339; 2) IDR regular - maior que 0,339 e menor ou igual a 0,538; 3) IDR médio - maior do que 0,538 e menor ou igual a 0,655; e 4) IDR alto - maior do que 0,655.

A tabela abaixo traz resultados interessantes. No primeiro quartil temos os municípios menos urbanizados (12,4 milhões de habitantes com 41,6% de população rural), com taxa média de alfabetização (dez anos ou mais) de 74,2% e 35,3% da população rural em extrema pobreza (rendimento abaixo de R$ 70). No último, temos municípios mais urbanizados (4 milhões, com 13,4% de população rural), com taxa de alfabetização de 93,1% e com 1,8% de pessoas de extrema pobreza rural.
A diferença é gigantesca: no primeiro quartil, para cada 100 pessoas residentes na zona rural, mais de 35 estavam em extrema pobreza; no último, menos de 2! São claros os efeitos da urbanização e da educação. Como em todos trabalhos estatísticos, as "conclusões sobre as causalidades" precisam ser discutidas com maior cuidado.
O Plano Agrícola de 2013/2014, o melhor em muitos anos, está atento à necessidade de acelerar o desenvolvimento do setor com um substancial aumento dos limites do crédito de investimento e custeio: aumento de prazos e redução da taxa de juros real; ataque ao trágico problema da capacidade estática de armazenamento da safra, que não permite ao produtor aproveitar as melhores "janelas" para a venda de sua produção; suporte à inovação e tecnologia; aumento da atenção à irrigação; aumento do seguro da safra, que um dia amenizará os riscos climáticos e das pragas sobre a renda da agricultura; apoio à formação de estoques, que reduzem os efeitos dos "choques de oferta" que tanto comprometem a taxa de inflação; ampliação da assistência técnica e a recuperação da extensão rural e, por fim, o apoio à ação cooperativista na agricultura.
A resposta da agroindústria será um estímulo importante para a disseminação do aumento da sua participação no crescimento do PIB.

A dívida está no coração do problema da China


O que isso tem a haver conosco? Tudo! 
A readequação do crescimento da China trará a economia mundial para sua realidade. Vocês sabem qual o nosso deficit fiscal, ou deficit nominal como chamado em nosso país (receitas menos despesas, incluindo a conta de juros)? Gira na casa dos 3%, que só chegamos a isso devido a crise de 2008, enquanto a China, segundo estimativas, ficam entre 10% e 25% (esse número não é oficial). A desaceleração da China incomoda devido a redução do volume de commodities exportados pelo Brasil, principalmente o minério de ferro, mas por outro lado, o tigre asiático terá seu foco voltado para o consumo interno, o que é uma oportunidade para o Brasil exportar alimentos, já que nossa safra deu grandes sinais de melhoria. Outro fator importante com a desaceleração  da produtividade chinesa é a oportunidade da indústria manufatureira da Zona Franca de Manaus. Ao contrário do pessimismo dos economistas neoliberais que massacram o Governo Dilma, há uma conjuntura diferente no quadro geral. 
Minha crítica para o Governo está na necessidade de segurarmos os gastos públicos, mas principalmente aumentar a FISCALIZAÇÃO destes gastos, afim de estancar a sangria da corrupção.
Segue a matéria, boa leitura!!

Por Sergio Lamucci 
Os prognósticos do economista Michael Pettis para a China não são nada animadores. Professor de Finanças da Universidade de Pequim, o americano acredita que o crescimento médio nos próximos dez anos vai ficar na casa de 3% a 4%, dada a necessidade premente do país de reequilibrar a economia, com mais ênfase no consumo do que no investimento, num cenário em que é crucial segurar o endividamento, muito mais elevado do sugerem as estatísticas oficiais.
"Há estimativas de que o déficit fiscal verdadeiro da China está em algum lugar entre 10% e 25% do PIB. Obviamente isso não pode continuar para sempre", afirma Pettis - o número oficial aponta para um déficit pequeno, um pouco superior a 2% do Produto Interno Bruto (PIB).
Para Pettis, que mora no país asiático desde 2002, "o grande volume da dívida, nem toda contabilizada nas estatísticas do governo, está no coração do problema da China, do mesmo modo como estava no coração dos problemas brasileiros no fim dos anos 1970 e no de todo país que teve um milagre de crescimento liderado pelo investimento".
Pettis tem uma visão negativa da China há vários anos, alertando desde 2007 e 2008 para a insustentabilidade do modelo de crescimento do país. "Mas eu sempre disse que esse tipo de expansão poderia continuar por muitos anos, até atingir limites de capacidade de endividamento", afirma ele. "Sempre que a China tem um problema, em outras palavras, ela pode lidar com ele liberando outra onda de investimento movida a dívida, mas isso não é uma indicação de resistência da economia".
Para o economista, o novo governo chinês parece entender a dimensão dos problemas e está tentando reduzir a dependência do país de volumes cada vez maiores de investimentos, muitos deles desnecessários.
O economista americano radicado na China diz também que ainda não está claro se o crescimento na casa de 3% a 4% já será visto nos próximos dois ou três anos. "Pequim está determinada a reequilibrar a economia e, se forem capazes de manter o plano, haverá um crescimento muito mais fraco, mas sem uma crise ou um pouso forçado", diz Pettis.
Se, no entanto, o governo não for capaz de segurar o crédito por motivos políticos internos, "o crescimento poderá superar 7% em 2014 e 2015, mas isso ocorrerá com um risco crescente de uma crise da dívida".
A meta oficial para este ano é de um crescimento de 7,5%. O governo do primeiro-ministro Li Keqiang considera 7% de crescimento da China como piso tolerável para uma desaceleração econômica, segundo informaram agências de notícias chinesas esta semana, sinalizando que o país vai intervir para dar sustentação à expansão caso seja necessário. Os líderes chineses temem que um crescimento menor gere tensão social. Anteontem, o governo anunciou um minipacote de estímulo, que prevê redução de impostos para pequenas empresas, incentivos para exportadores e aceleração dos investimentos no sistema ferroviário do país.
Para Pettis, quanto mais rápido a desaceleração começar, maiores as possibilidades de que o processo seja suave.
Um crescimento de 3% a 4% terá inevitáveis consequências negativas para grandes exportadores de commodities como o Brasil, diz ele. "Embora um reequilíbrio chinês bem sucedido seja bom para a China e para o mundo, ele virá, como é necessário, com taxas de crescimento muito mais baixas, o que certamente vai afetar os produtores de commodities", afirma Pettis, que aponta, contudo, um efeito positivo do reequilíbrio chinês para o Brasil - esse provocará provocará a erosão da competitividade exportadora da China, com aumento de salários e valorização da moeda, o que poderá ajudar a indústria manufatureira do país.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

ZFM – esclarecer para integrar



Sob o título, A renúncia fiscal ao ICMS enfraquece os Estados, em mais uma investida, http://www.noticiahoje.com.br/NoticiasWeb.aspx?ID=13502167.126209.69405, publicada no Estadão, do último dia 20, a ZFM recebe mais um bombardeio jornalístico, um problema que o CIEAM começa a enfrentar mais de perto abrindo espaço na mídia do Sul, Sudeste e Brasília para enfrentar a desinformação, por descaso ou má-fé, que coloca o modelo no mesmo patamar de inconstitucionalidade da guerra fiscal ou da renúncia fiscal, como instrumento de redução das desigualdades regionais. “Os governos teriam de ser rigorosos com relação a renúncias fiscais do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), mas nem sempre o são.”, diz a matéria, colocando no mesmo quadro de comparação entre os estados que não têm o expediente constitucional da ZFM. “A renúncia fiscal é um mecanismo perverso, dado o custo elevado - o espaço dos Estados para reduzir tributos em geral fica menor, pois eles têm de compensar o que perdem com os benefícios”, diz Roberto Kupski, presidente da Febrafite, uma federação de associações de fiscais estaduais. É imperativo colocar as informações em seus devidos lugares.

Abrindo espaços – Nesta segunda-feira (22/07), o presidente do CIEAM, Wilson Périco, foi recebido pela editoria de Economia da Folha de São Paulo, por articulação da Printer Press, empresa de comunicação corporativa, escalada pelo CIEAM exatamente para abrir espaços de esclarecimentos e posicionamento da entidade junto à opinião pública nacional. Esta iniciativa inaugura uma rotina de contatos e entrevistas com os diversos veículos de jornalismo econômico, para mostrar o perfil industrial da economia local, seu desempenho no desenvolvimento regional, os benefícios gerados e a integração deste modelo com a economia do país, na perspectiva de comprovar que a ZFM, em última instância, é a Zona Franca do Brasil. A matéria citada é tendenciosa, equivocada e ilustrativa: “Mesmo no Estado de São Paulo, onde os incentivos são concedidos com parcimônia, esse custo foi de 9,9% da arrecadação, o que é muito para o Estado, embora pareça pouco, proporcionalmente, ao Amazonas, em que esse incentivo subtraiu 2/3 das receitas estaduais.”

Esclarecimentos tímidos – A Nota Técnica, produzida com a participação do CIEAM, em maio último, e que envolveu Suframa, governo do Estado e demais entidades, ficou estranhamente guardada desde então. Ali está demonstrado o resumo dos equívocos e das distorções veiculadas sobre a ZFM, a insinuação enganosa de paraíso fiscal de que a opinião pública nacional precisa saber. Temos que reconhecer a timidez das entidades de classe em demonstrar, nesse contexto de intrigas e desinformação, a contribuição efetiva das empresas instaladas no Polo Industrial de Manaus para a qualificação de recursos humanos, o suporte às cadeias produtivas do interior, o fomento ao turismo e os recursos para Pesquisa e Desenvolvimento, além das verbas contingenciadas da Suframa – as taxas de serviços administrativos recolhidas pelas empresas – que originalmente eram utilizadas para promover atividades para geração de emprego e renda nos municípios da Amazônia Ocidental.

Divórcio nocivo – A notícia alarmante e elucidativa, publicada ontem pelo Portal da Indústria, serve para explicar os danos causados pelo divórcio entre academia e setor produtivo: no Brasil, mais da metade dos estudantes de engenharia abandona o curso antes da formatura. Essa estatística sombria veio à tona no levantamento feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com base em uma análise inédita de dados do Ministério da Educação (MEC). O reflexo disso está na dificuldade do SINE-AM, o Serviço Nacional de Emprego, de preencher vagas para engenheiros para atuar no Distrito Industrial, ou na construção civil. Eis a sequela perversa da falta de integração entre academia e demandas do chão de fábrica. Em 2007, 105.101 pessoas ingressaram em cursos de engenharia em instituições públicas e particulares. Cinco anos depois – tempo previsto para a conclusão do curso – apenas 42,6% dos estudantes se formaram. Ao todo, 57,4% desistiram no meio do caminho.

Diagnósticos e proposições – A principal causa deste fenômeno de evasão e esvaziamento é a deficiência na formação básica dos estudantes em Matemática e Ciências, aliada à dificuldade de parcelas significativas de estudantes em pagar as mensalidades nas faculdades privadas. Ainda nesse contexto de desistência aparece a desmotivação provocada pela falta de experiências práticas durante o curso e a necessidade muito prematura de escolha de especializações. Falta planejamento e integração. O Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) de 2011 aponta que as faculdades de engenharia que obtiveram as notas mais baixas – um e dois – representam 39% do total.

Entidades insistem em P&D – este cenário preocupante, aliado à desarticulação entre as universidades e o setor produtivo, ilustrado pela ausência da representação das empresas – responsável pelo aporte orçamentário da Universidade do Estado do Amazonas – no Conselho Consultivo que ainda nem foi instalado, está na origem do posicionamento do CIEAM/FIEAM em relação aos recursos das empresas para Pesquisa e Desenvolvimento. Em carta dirigida à Suframa, dia 18 último, foram apresentadas algumas sugestões para a revisão da estrutura e funcionamento das atividades de P&D no âmbito da Amazônia Ocidental, ou seja, a área de atuação da Suframa, tendo por base e premissa a integração regional e a articulação institucional de defesa do modelo.

Grupo de Trabalho – Entre as propostas, vale destacar a instituição de um grupo de trabalho com o objetivo de propor nova metodologia para as aplicações cuja fonte de recursos seja estabelecida por portarias de PPB de maneira a fomentar o desenvolvimento regional junto a instituições credenciadas pelo CAPDA. Outro item a destacar, nesse contexto de integração e articulação, é a revisão ou estabelecimento de novos programas prioritários e os critérios de acessos e aportes dos recursos, e submeter à apreciação do CAPDA, com destaque para Programas com focos determinados em áreas de impacto na sociedade como Saúde e transporte de massa. Tendo estes programas abrangência dos gastos para realização de obras estruturantes ou mesmo equipamentos. Os recursos de P&D, vale repetir, são contrapartida de renúncia fiscal, e que sua gestão precisa, obrigatoriamente, de celeridade, transparência e evidências do retorno à sociedade.

Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do Centro da Indústria do Estado do Amazonas. Editor responsável: Alfredo MR Lopes.

terça-feira, 23 de julho de 2013

O PIB cresce 4% ao ano



Por Francisco Lopes



O título deste texto não é uma piada, nem uma projeção, nem mesmo a expressão de um desejo. É apenas a constatação de um fato: os últimos números publicados para o Índice de Atividade do Banco Central, o IBC-BR, que pode ser considerado uma aproximação em base mensal para o PIB trimestral do IBGE, indicam claramente que no segundo trimestre de 2013 a economia brasileira estava crescendo ao ritmo de 4% ao ano.


Mas espere um momento! Não foram esses números que repercutiram de forma tão negativa na imprensa, sugerindo até que estamos novamente a caminho da recessão? Basta olhar os títulos de algumas das matérias publicadas: Indicador do BC mostra país na rota da recessão; Economia tem maior retração desde 2008; Cada vez mais difícil decolar; Bancos oficiais já prevêem crescimento abaixo de 2%; IBC-BR reforça sinais da lenta perda de gás da economia em 2013; Pibinho de inverno.

É no mínimo temerário extrair qualquer sinal de direção de movimento com base na observação de um único mês
Na realidade, a única coisa que fica clara aqui é que a mídia especializada e a grande maioria dos analistas da economia parecem sofrer atualmente de um pessimismo obsessivo. De fato a leitura que foi feita dos números do BC configura um caso clássico do que a psicologia cognitiva denomina de viés de confirmação (confirmation bias), que ocorre quando as pessoas só são sensibilizadas por informações que pareçam confirmar suas crenças ou hipóteses, ignorando qualquer evidência em sentido contrário.
Todo esse pessimismo foi produzido apenas pela observação de que a variação percentual de maio sobre abril do IBC-BR com ajuste sazonal foi de menos 1,4%. Acontece, porém, que essa série de variação mensal tem muito ruído. É no mínimo temerário extrair qualquer sinal de direção de movimento com base na observação de um único mês. Além disso, quando usamos dados mensais a introdução do ajustamento sazonal não aumenta muito o poder informativo de uma observação isolada. No dado mensal o padrão de sazonalidade pode variar muito ao longo do tempo em resposta a uma serie de fatores, como feriados, greves, paralisações ou mudanças institucionais. Sabemos que não existe técnica perfeita de ajuste sazonal, mas com dados mensais as dificuldades ficam ainda maiores.
Se quisermos ter uma ideia precisa do que está acontecendo com uma economia, o caminho mais seguro é trabalhar com variações em doze meses. Mesmo assim uma observação mensal isolada tem que ser vista com cautela. Por exemplo, a variação em doze meses do IBC-BR até maio de 2013 (portanto sobre maio de 2012) foi de 2,28%, mostrando sem dúvida uma desaceleração importante em relação à variação em doze meses de 7,3% até abril. Note-se, porém, que esse excepcional resultado de abril foi simplesmente ignorado tanto pela imprensa como pela maioria dos analistas de economia. Por outro lado, a variação em doze meses de maio significou aceleração em relação às variações de 1,16% até março e de 0,44% até fevereiro. Que direção de movimento estaria sendo sinalizada aqui?
Existe amplo consenso de que a forma mais segura para se analisar o movimento do PIB é usar dados trimestrais. Não é por outra razão que contas nacionais em toda parte são sempre elaboradas em base trimestral, como acontece também com o nosso IBGE. O que então pode ser concluído quando os dados do IBC-BR são transformados por média para uma base trimestral? Se compararmos o trimestre composto pelos meses de março a maio de 2013 com o mesmo período de 2012 obtemos uma variação de 3,74%. Podemos notar também que ao longo do ano essa variação em doze meses calculada para grupos sucessivos de três meses só aumentou: 1,55% até janeiro. 1,71% até fevereiro, 2,86% até março, 3,5% até abril e 3,74% até maio.
Para calcular a variação em doze meses do segundo trimestre de 2013 precisaremos ter também uma estimativa para o IBC-BR de junho. Para ser bem conservador, vamos admitir que o número de junho fique 2,5% abaixo do número de maio, repetindo um comportamento observado em 2012. Isto significa um número de junho 5,6% abaixo do de abril. Nesse caso a variação em doze meses para o PIB do segundo trimestre será de 3,95%. Ou seja, parece grande a probabilidade de que a taxa de crescimento em quatro trimestres do PIB do segundo trimestre fique muito próxima de 4%.
Se isso for também confirmado pelo IBGE (e é difícil imaginar porque não seria), poderemos estar falando de uma variação trimestral na serie com ajuste sazonal do PIB superior a 1%, talvez até próxima de 1,5%. Vai ser bem mais difícil sustentar o pessimismo quando esses números forem publicados em agosto. Ainda assim, é importante insistir de imediato numa leitura mais precisa dos dados da economia. Afinal ninguém pode razoavelmente desejar que o pessimismo de hoje venha a afetar negativamente decisões empresariais de produzir e investir, comprometendo nosso crescimento futuro.
Contra fatos não há argumentos, o que existe é a infeliz tentativa de levar a população à desinformação e indução ao erro. ISSO ELES NÃO MOSTRAM!!! TERROR MEDIÁTICO!!!

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Crescimento do Brasil deve ser menor que o mundial, avalia instituição


Isabela Vieira | Agencia Brasil


A economia brasileira não deve crescer mais que 2% em 2013, abaixo da projeção de crescimento mundial de 3,5%, na avaliação do economista-chefe do The Conference Board, Bart Van Ark. Com base em indicadores nacionais, a instituição projeta índices econômicos de 12 países, dentre os quais, o Brasil.
Na avaliação de Van Ark, os fatores que mais dificultam o crescimento do país são a dificuldade de atrair investimentos; de aplicar em infraestrutura; de reformar setores estruturais da economia, como mercado de trabalho – para que dê mais flexibilidade em contratações e demissões; além de fazer a reforma tributária.
“Se tem uma coisa que os membros globais reclamam quando vêm ao Brasil é a complexidade do pagamento de impostos”, afirmou Van Ark. “Há uma grande necessidade de simplificar essas regras para que seja possível fazer negócios e operar no Brasil”, reforçou. Investimentos em infraestrutura, como portos e estradas também precisam melhorar, destacou.
Para o economista da Fundação Getulio Vargas, Paulo Piccheti,  a projeção de crescimento de 2% do The Conference é razoável no cenário atual. Segundo ele, dados recentes apontam retração da economia pela diminuição da produção industrial e das vendas do comércio. Segundo ele, sem mudanças estruturais no país, não há como alavancar no curto prazo, os indicadores.
“Dos componentes que podem induzir o crescimento, tirando o setor externo, que a gente não pode contar no curto prazo, não há continuidade da expansão do consumo das famílias nem do consumo do governo, que está enfrentando uma questão de equilíbrio fiscal, o que impede aumento dos gatos e investimentos”, disse. Segundo ele, a única chance é atrair investimento privado.
O The Conference Board também estimou o crescimento do país para o período entre 2014 e 2018, em 3,2%, e para o mundo, 3,1%. Segundo Bart, o mundo cresce a taxas menores, embora reformas políticas e trabalhistas “tenham capacidade de gerar um ambiente com mais espaço para o crescimento”, afirmou.
A FGV e organização americana The Conference Board lançaram nesta quarta-feira, 17, um novo índice para medir a economia brasileira, o Indicador de Antecedente Composto da Economia (Iace), que será divulgado mensalmente a partir de agora.

As prioridades são as mesmas: INFRAESTRUTURA E REFORMA TRIBUTÁRIA JÁ!!!

quarta-feira, 17 de julho de 2013

O Desmatamento Continua

Por Míriam Leitão


O Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon detectou um aumento impressionante do desmatamento em junho. Chegou a 184 Km² na Amazônia Legal em um mês, uma elevação de 437% em relação a junho de 2012. Outra má notícia é que o estado do Amazonas, que não costuma estar entre os maiores desmatadores, foi o segundo que mais perdeu cobertura florestal no mês.
O Imazon também monitora a degradação florestal, que é o primeiro estágio, quando os madeireiros entram para tirar as melhores madeiras e a cobertura florestal vai se degradando. Foi registrada degradação florestal em 169 Km² em junho, comparado ao mesmo mês do ano passado. É definida como desmatamento a supressão total da floresta. De toda a região da Amazônia, o Pará desmatou 42% do total, e o Amazonas, 32%. No acumulado de dez meses, o Amazonas está em quarto lugar.
O SAD é o sistema de processamento dos dados que são enviados pelos satélites. Eles são analisados em tempo real. O desmatamento no período de agosto de 2012 a junho de 2013 teve um aumento de 103%, indo a 1.838 quilômetros quadrados.
A maior parte do desmatamento (63%) ocorreu em áreas privadas. O resto ocorreu em assentamentos de reforma agrária e em unidades de conservação. Os municípios críticos continuam sendo Itaituba, no Pará, em primeiro lugar; depois, Lábrea e Apuí, no Amazonas; Colniza e Peixoto de Azevedo, em Mato Grosso; Altamira e Novo Progresso, no Pará; Novo Aripuanã, Presidente Figueiredo e Maués, no Amazonas.
Os números de junho são espantosos porque mostram que por mais que avance a consciência do Brasil de que é preciso preservar os recursos naturais da Amazônia, o desmatamento — caracterizado pelo corte raso das árvores — e a degradação florestal, o primeiro passo da destruição, permanecem crescendo. E esse é o começo da temporada. Nos próximos meses, se for mantido o mesmo ritmo, o país pode colher um resultado adverso no ano, quando os dados forem consolidados.
Esses números captados em junho pelo Imazon mostram que, tanto na comparação de dez meses quanto na de junho contra junho, houve um aumento forte. Os resultados são preliminares, mas calculados por um instituto científico que tem larga experiência técnica na análise dos dados gerados pelos satélites. As mesmas informações servem de base para o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que faz o monitoramento oficial. Ao fim de um ano, o Inpe consolida e divulga os dados, mas a menos que haja uma reverão este mês e nos próximos, desta temporada de desmatamento, o país pode ver uma inversão da curva de queda da destruição da Amazônia. O Inpe registrou aumento de janeiro a maio de 28% no desmatamento.
Atente-se para o fato de que o que se tem comemorado no país é a redução da taxa de destruição anual. Isso vinha permitindo que os ambientalistas, as ONGs, os institutos científicos, e as pessoas preocupadas com o tema começassem a sonhar com o desmatamento líquido zero, ou seja, que o balanço do replantio fosse o mesmo do corte de árvores. Esse dado é um banho de água fria em quem estava apostando que o desmatamento continuasse sendo reduzido anualmente.
Uma grande parte desse desmatamento é ilegal e ocorre de uma forma de exploração totalmente irracional, com o uso do correntão. Quem já viu uma área dessas totalmente desmatada, para ser depois abandonada, não deixa de se afligir quando aparecem esses dados agregados. Olhar de perto essa destruição captada por satélites e processadas por computadores dá a sensação de que o Brasil optou pela insensatez. É uma cena que não se esquece.

Minha pergunta: Como é que o Governo do Estado do Amazonas usa um dado há mais de dez anos, em todas as propagandas do modelo ZFM, que a nossa floresta tem 98% de mata preservada?? Desculpem-me, mas parece propaganda de enxaguante bucal, pura falácia!! Esses números precisam ser revistos.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Renda Fixa ganha da Bolsa no longo prazo


Caro Dinheiro | Por Samy Dana

O princípio de risco-retorno na teoria das finanças sugere que, quanto maior o risco assumido, maior a rentabilidade (ou o prejuízo) de determinado investimento. Em alguns casos, porém, essa suposição pode gerar confusão.

A maior parte dos analistas e investidores brasileiros defende que a rentabilidade da Bolsa supera a de títulos de renda fixa no longo prazo.

Muitos evocam o princípio acima para dizer que, por ser bem mais arriscada, a Bolsa produz retornos maiores. Sustentam ainda que a Bolsa pode ser volátil no curto prazo, mas no longo prazo seu risco é diluído e o lucro sobe.

Contrariando o que diz a maioria dos analistas, um estudo sobre a rentabilidade dessas duas formas de investimento em janelas de 1 a 18 anos no período pós-Plano Real mostra que a melhor forma de aplicação foi a renda fixa (nessa análise, o CDI, juros dos empréstimos entre bancos), com a Bolsa (Ibovespa incluindo dividendos e outros proventos) bem atrás.

De 4.010 simulações realizadas em um horizonte de três anos, em 43,69% dos casos a Bolsa se saiu melhor. Mas, ao contrário do que alegam os financistas, em um horizonte maior, de 12 anos, a Bolsa venceu em apenas 39,5% dos casos em 1.742 simulações realizadas.

A grande confusão é achar que a Bolsa nacional segue o modelo dos mercados desenvolvidos, como o dos EUA.

As realidades são distintas. Lá, os investidores conseguem prever melhor a fatia do lucro da empresa que será distribuída aos acionistas. Além disso, uma economia emergente oscila mais. 
Com taxas de juros menores e o desenvolvimento, porém, o cenário pode mudar.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Três bancos brasileiros estão entre os que mais ganham com juros no mundo


Por Sílvio Guedes Crespo



A receita dos três maiores bancos brasileiros com juros é desproporcional ao tamanho deles, em comparação com instituições financeiras de outros países, conforme indica um levantamento da revista britânica The Banker.
O Itaú, apesar de ser só o 39º maior banco do mundo no ranking geral da revista, é o 13º quando o assunto é cobrança de juros. O conglomerado financeiro recebeu US$ 27,687 bilhões com empréstimos no ano passado.
O Banco do Brasil, 36º do mundo em tamanho, é o 14º em cobrança de juros, com US$ 23,73 bilhões. O Bradesco é o 16º nesse quesito (com US$ 21,247 bilhões no ano passado), mas apenas o 42º em tamanho.
Juntos, Itaú, BB e Bradesco ganharam US$ 72 bilhões com juros em 2012.
O indicador usado para definir o tamanho dos bancos é o chamado “capital de nível 1″, que inclui apenas a parcela dos ativos considerada de melhor qualidade. 

OS 20 BANCOS QUE MAIS GANHARAM COM JUROS EM 2012

Ranking de jurosRanking geralBancoPaísReceita de juros
(US$ bi)
ICBCChina66,427
China Construction BankChina56,153
10ºAgricultural Bank of ChinaChina54,353
CitigroupEUA48.635
JP Morgan ChaseEUA45,121
Wells FargoEUA43,746
Bank of AmericaEUA41,475
Bank of ChinaChina40,853
14ºSantanderEspanha39,772
10ºHSBC HoldingsR. Unido37,672
11º13ºCrédit AgricoleFrança30,500
12º11ºBNP ParibasFrança28,687
13º39ºItaú Unibanco HoldingBrasil27,687
14º36ºBanco do BrasilBrasil23,730
15º34ºSberbankRússia23,205
16º42ºBradescoBrasil21,247
17º20ºDeutsche BankAlemanha20,964
18º31ºBBVAEspanha19,95
19º23ºBank of CommunicationsChina19,098
20º15ºBarclaysR. Unido18,358
  • Fonte: The Banker
China domina
Apesar da boa performance dos bancos brasileiros, os chineses dominam o topo do ranking de receita de juros, com cifras bem mais altas que a de Itaú, BB e Bradesco.
O ICBC, maior conglomerado financeiro do mundo, foi o que mais ganhou com juros – US$ 66,427 bilhões no ano passado. O segundo e o terceiro lugares também são da China.
Em seguida aparecem os americanos Citigroup, JP Morgan Chase, Wells Fargo e Bank of America. O primeiro europeu da lista é o espanhol Santander.
Juros no Brasil
A taxa básica de juros no Brasil está hoje em 8% ao ano. O número é bem mais baixo do que os 45% alcançados em março de 1999, mas ainda superior à maior parte dos países. Em termos reais (descontada a inflação projetada), a taxa é a quarta mais alta do mundo, abaixo apenas de China, Rússia e Chile, em um ranking de 40 países elaborado pela MoneYou.
No ano passado, o setor público brasileiro gastou R$ 214 bilhões com juros aos credores, dos quais R$ 105 bilhões saíram dos cofres da União, Estados e municípios e o restante foi pago por rolagem (quando o governo faz novas dívidas para pagar as que estão vencendo), segundo o Banco Central.
Considerando os setores público e privado, existem hoje na economia brasileira R$ 2,5 trilhões em empréstimos e financiamentos, sendo R$ 1,1 trilhão tomados por pessoas físicas e R$ 1,4 trilhão por pessoas jurídicas.
Na média, os bancos que operam no Brasil pagam taxa de juros de 6,9% ao ano quando tomam dinheiro emprestado e cobram 18,1% quando emprestam, ainda segundo o BC. A diferença, atualmente em 11,2 pontos percentuais, é o chamado spread bancário. Ela ainda é considerada alta por muitos analistas. Há um ano, no entanto, girava na casa dos 15 pontos percentuais.
Apesar de, na média, os bancos cobrarem 18,1%, a taxa é muito mais alta para alguns segmentos. As pessoas físicas pagam, hoje, 136% ao ano no cheque especial (há um ano, a taxa era de 158%), conforme mostra a tabela abaixo.

TAXA DE JUROS PARA PESSOAS FÍSICAS (% AO ANO)

Tipo de créditoMaio/2013Maio/2012
Imobiliário7,88,7
Compra de veículos19,722,6
Outros bens66,271,6
Cheque especial136,3158,4
  • Fonte: Banco Central