Após a década de 1990, as ideias
desenvolvimentistas parecem ter tomado novamente os espaços perdidos desde
então. E para entender melhor esse debate crítico é preciso entender sobre as
duas correntes que se digladiam.
Em primeiro lugar estão os
MONETARISTAS, para estes, a meta principal é o controle da inflação. Se esta
encontrar-se baixa e estável, e somado a isso houver respeito aos contratos e
instituições, o desenvolvimento virá espontaneamente. Já para os
DESENVOLVIMENTISTAS, a inflação sob controle não representa o todo, mas apenas
um dos diversos requisitos para o crescimento e o desenvolvimento econômicos.
Para o grupo dos ortodoxos
monetaristas, o desenvolvimento econômico tende a um processo natural que
depende basicamente de boas políticas internas, como: governo frugal que não tribute
demais, bom funcionamento da justiça, saúde, educação, setores básicos e
fundamentais, além da defesa da concorrência. Se essas politicas forem
adotadas, o desenvolvimento ocorrerá naturalmente.
Já para o grupo dos heterodoxos
desenvolvimentistas, o processo de desenvolvimento econômico ocorre num
contexto de forte conflito entre nações, especificamente no que tange a domínio
de técnicas produtivas e capacidade de inovação. Para eles, ser desenvolvido
significa dominar tecnologias avançadas de produção e criar capacidade e competências
locais. A capacidade da economia deixa de ser algo que depende do individuo,
como na visão ortodoxa, e passa a ser algo sistêmico.
Se para os heterodoxos desenvolvimentistas
domar a inflação não é o bastante para se tornar um país rico, então o que de
fato produz o desenvolvimento? A grosso modo: a capacidade local de utilização,
geração e produção de tecnologias.
Um nível elevado de produtividade
só poderá ser alcançado a partir da sofisticação do meio produtivo de uma
economia, e esse resultado, para um economista desenvolvimentista, não ocorre
de maneira natural devido a enorme competição existente no mercado mundial. Os
mercados pioneiros ou first movers de países ricos têm
vantagens enormes sobre seus concorrentes emergentes no que diz respeito a
domínio de mercados.
Para o desenvolvimentista não existe
objetivo de maior do que criar uma indústria local competente, capaz de
produzir para o mercado mundial com alta excelência tecnológica. Como esses campeões
locais não surgem naturalmente, o governo deve ajudar com subsídios,
financiamentos etc., até que a empresa atinja sua escala e força ideal para
competição no mercado local e mundial.
No Brasil temos casos
interessantes de empresas e setores que começaram públicos e depois foram desenvolvidos e
ampliados pela iniciativa privada, podemos citar nesse caso a EMBRAER e
anterior a ela o Proálcool.
É evidente que não há nenhuma garantia de sucesso,
sobretudo quando exemplificamos os insucessos ligados a famigerada e ridícula CORRUPÇÃO,
mas muitos dos gigantes asiáticos de hoje surgiram de estratégias desse tipo.
Politicas de direcionamento estatal somada a uma competentíssima e eficiente iniciativa
privada. Dada a nossa atual conjuntura macro, podemos dizer que duas cadeias
estão na crista da onda: Construção civil e óleo e gás, no caso desta ultima, é
evidente o interesse do atual governo e quiçá do próximo em desenvolver
capacidades locais de produção. Aqui nós já começamos a privatizar a CIGÁS.
Portanto o papel do estado nesse
contexto de desenvolvimento econômico é fundamental – para o bem ou para o mal.

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