Por José Ricardo Wendling
O tema desenvolvimento
tecnológico e inovação não é novidade, mas nos anos recentes entrou
definitivamente como pauta importante e com peso relevante nas agendas
governamentais, nas mídias e nas empresas, ratificando que todos esses
segmentos compreenderam a importância da Ciência e Tecnologia.
A inovação têm-se destacado como
grande força de propulsão e renovação da maioria das empresas, e
inevitavelmente, do crescimento sustentável das nações. Pelo simples fato de
fazer diferente, gera reconhecimento por todos como posição de destaque a todos
stakeholders e, sobretudo para a sociedade, gerando consequentemente valor econômico
para as organizações.
O Brasil e, especificamente o
Amazonas, têm um diferencial oportuno em comparação com demais regiões. É ao
mesmo tempo o País da etnodiversidade e o Estado da biodiversidade. Por outro
lado, ambos: País e Estado têm um enorme desafio, que consiste na inserção
efetiva de toda essa etnodiversidade e biodiversidade no contexto da inovação e
tecnologia. Um dado revelador: Em nosso país menos de 27% dos cientistas
atualmente trabalha em projetos ligados a empresas, já nos EUA, país que viu
nascerem grandes empresas, 80% dos pesquisadores são inseridos em trabalhos
empresariais. Há quem diga que os cientistas brasileiros são exímios transformadores
de recursos em conhecimento, mas falhos e ainda limitados em transformar esses
conhecimentos em dinheiro. Na Coréia do Sul, que acelerou esse crescimento,
este mesmo número é de 77%. No Amazonas o contraste é diferente, ainda
carecemos e muito de doutores formados em nossa região e cientistas fixados e
comprometidos com o desenvolvimento científico de nossos potenciais naturais.
Para ter-se uma ideia, de acordo
com o CNPq numa pesquisa feita em 2008 com todos os doutores brasileiros
formados entre 1996 e 2006, praticamente 80 mil deles estavam no Brasil, 97%
empregados, onde: 80% atuavam no setor educacional, outros 11% estavam no setor
público e menos de 6% nas empresas. Nos EUA a proporção é de 40% de doutores na
indústria. Nesse mesmo país, um projeto entre uma empresa e uma universidade
não passa pelo governo, tem que ser executado dentro dos tramites oficiais,
porém não existe controle governamental sobre o que a indústria pode ou não
fazer com a universidade. Por exemplo: se uma fundação resolve repassar US$ 20
milhões para uma pesquisa em setor da área espacial, várias universidades irão
apresentar projetos para esta fundação e entrar numa grande concorrência, não é
uma competição fácil, porém é completamente desligada do governo.
Para que isso gere um efeito positivo,
precisamos transformar os conhecimentos novos em resultados sustentáveis. O
Amazonas passou muito tempo com propostas de crescimento sustentável, e hoje
estamos correndo, ansiosos, para requerer os direitos de uma vocação adquirida
ao invés de termos trabalhado com antecedência em nossa vocação latente e
abundante que é nossa biodiversidade, fonte para o desenvolvimento sustentável.
O Amazonas possui um cenário
empreendedor interessante que nos coloca como região de destaque no mundo. Mas,
esse destaque está mais ligado ao tamanho da população e região empreendedora
do que pelo planejamento empreendedor. Infelizmente, por aqui essa atividade
ainda acontece mais num sentido da necessidade e não da oportunidade, e com
muito pouco conteúdo inovador. Estamos mais adeptos ao made in Amazonas do que ao
created
in Amazonas. Os dados do PINTEC, coletados pelo IBGE falam por si: A
porcentagem total de investimentos privados em PD&I no Brasil é de 0,55% do
PIB, contra 1,87% nos EUA e 2,45% na Coreia do Sul.
É importante pensar que nosso
estado não é composto apenas por árvores, mas pelos quase quatro milhões de
amazônidas. Qualquer estratégia de defesa do Amazonas, e da própria Amazônia
como um todo será precária se não estiver fundada num projeto econômico
consistente.






