Por Ricardo Maia
Todos
conhecemos, desde pequenos, que os ventos refrescam, que levavam adiante, em tempos remotos, as embarcações descobrindo os novos mundos e as nascentes economias. Mas estes mesmos ventos sem
controle as vezes incomodam e podem trazer grandes prejuízos, e sem avisar
destroem implacavelmente qualquer lugar. Estes ventos ou ares não se veem,
apenas sentimos quando eles chegam, a tempo ou tardiamente.
Vejamos os ventos alísios e os contra alísios:
Os ventos alísios são responsáveis por transportar a umidade das zonas tropicais
para a zona equatorial provocando chuvas nessa região. Enquanto que os ventos
contra-alísios levam ar seco para as zonas tropicais, ficando, os maiores
desertos da Terra justamente nessa zona, principalmente no hemisfério norte.
Ventos contra-alísios começaram novamente a fluir contra o Norte, sobretudo
contra a Zona Franca de Manaus. Mas com o risco de desertificar ou modificar o modelo?
Um
estudo previamente publicado pelo Núcleo de Estudos do Senado, quer seja por
encomenda ou não, foi produzido com uma afirmação técnica quase falaciosa dos intitulados pseudos-benefícios da ZFM bem como sua improvável geração de riqueza para a
população, Estado e empresas. Este estudo, mesmo inconsistente, não pode ser
descartado nem tampouco é obsoleto para uma reflexão sobre o modelo e sua atual
eficácia.
Um
provérbio chinês diz que: “Sem a
oposição do vento, a pipa não consegue subir”. Não fosse as mãos pesadas dos opositores
do modelo Zona Franca de Manaus, que a cada oportunidade que têm usam de todas
as ferramentas possíveis para diminuir e desestabilizar nosso modelo, não
teríamos oportunidade de refletir e verificar que os tempos mudam, as coisas
são dinâmicas e se transformam em busca da melhoria continua, afinal é por isso
que se investe tanto em pesquisa e desenvolvimento em todas as áreas do
conhecimento.
Não
deixemos de aproveitar esses “ventos” para refletir sobre o quanto precisamos
repensar nosso modelo econômico, não deixemos para pensar depois na necessidade
de dar a manutenção necessária e que essa manutenção possa irradiar esse
desenvolvimento aos municípios, fomentando a vocação econômica de cada um. Esta
estrutura econômica talvez seja uma muleta que já não suporta mais a ZFM.
Em
2012 o Amazonas foi responsável por 56,74% da arrecadação federal no Norte do
Estado, quase 9 bilhões arrecadados contra 2,3 bilhões de transferências compulsórias,
um exportador líquido de recursos para União na ordem de 6,4 bilhões anuais, e
ainda assim dependemos recorrentemente das decisões federais para operar,
gerando a mesma inquietação de sempre.
Como
Dr.Jaime Benchimol já citou: “a Zona Franca não é um paraíso fiscal, mas um
paraíso do fisco”. Não devemos apenas desmistificar nosso modelo econômico, mas
ampliá-lo para outros polos como o Mineral, o Naval e o Pescado.
Precisamos
manter o modelo, o que inclui o PIM, mas também utilizar melhor os bilhões de
recursos recolhidos provenientes de tributos gerados pelas atividades do polo
em modelos alternativos.
Temos
tantos gargalos que precisam ser revistos urgentemente: Infraestrutura
logística que emperra a produtividade e dinamismo do PIM. A biotecnológica,
pois o CBA até hoje não tem autonomia jurídica para receber os investimentos
necessários para gerar riqueza intelectual nas áreas de pesquisa. Na energia
que terá de sobra, mas com sérias dificuldades na rede de distribuição. E,
pasme, nas ruas do Distrito Industrial que padece pela falta de iluminação
pública e pelos buracos que quase engolem as carretas e dificulta o transporte
logístico e público. Na burocracia dos processos e na falta de recursos humanos
das instituições, que desaceleram os processos de despachos nos portos e
aeroportos, sem contar com os contingenciamentos orçamentários que a Suframa
sofre.
Temos
os ventos advindos da guerra dos outros estados que também lutam pelos seus
quinhões, estes, a citar como exemplo São Paulo, maior interessado nesta
discussão, que não se cansa de batalhar para derrubar nosso modelo e também não
dorme pela ganância fiscal. Ao invés de São Paulo como referência, porque não
fazemos também de nosso Estado um centro referencial de pesquisa e tecnologia?
Não
deixemos para depois o que precisa e deve ser feito hoje, o que falta? Vontade
política? Criatividade intelectual? Políticas sérias? Ou vamos continuar nessa
inanição, nesse perjúrio?
Precisamos
envolver toda a população, incutir nas mentes e corações os reais objetivos e a importância deste vultoso modelo econômico para que todos tenham o poder da crítica, pois a classe política atual sempre vence há várias eleições com um discurso
em defesa da Zona Franca, mas sem capacidade nenhuma em promover projetos econômicos
relevantes levando em consideração as verdadeiras potencialidades. Quem ganha
com essa dependência do modelo atual Zona Franca de Manaus? Empresários, classes
políticas, instituições de pesquisa?

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